"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















sábado, 2 de abril de 2011

Vou levar por toda a vida...

Eu estava lendo o último post do blog http://semeandoemterrascanadenses.blogspot.com/ falando sobre a importância de termos as nossas próprias experiências como imigrantes pq Deus trabalha na vida de cada pessoa de uma forma diferente; então, eu me lembrei do quanto Deus trabalhou na minha vida, no quanto eu mudei depois da imigração... Não dá pra falar de tudo que eu vivi pq daria um livro rsrsrsrsrsr, mas tem uma coisa que eu vou levar por toda a minha vida, e eu queria compartilhar com vcs: a humildade pra aprender a lidar com pessoas e situações.
Eu sou filha de uma família classe média; sempre tive pessoas pra fazerem o trabalho doméstico; estudei em boas escolas, enfim, nunca soube o que era pegar no pesado... até ir para os EUA rsrsrsrsrs... A minha aventura nas terras do "Tio Sam" foi uma parte da história da minha vida que eu tracei sem o apoio de quase ninguém; a minha família era totalmente contra. Pra pagar o curso que eu queria fazer eu tinha que ralar e ralar muuuuuito, caso contrário, eu teria que voltar pro Brasil e dár o braço a torcer de que eu não dava conta de viver as minhas custas, e isto nem pensar, né??? rsrsrsrsrrs...
Fui pra Florida sabendo que não seria nada fácil alcançar os meus objetivos, mas eu estava disposta a pagar o preço. Eu lembro que minhas amigas, meus parentes diziam que me davam 3 meses de EUA pra eu voltar, que duvidavam que eu aguentasse encarar o subemprego... tudo verdade, mas eles não contavam com a minha determinação rsrsrsrsrsr...
Eu comecei a minha carreira profissional nos EUA limpando casa, e foi aí que Deus trabalhou muito no meu caráter como ser humano. De uma hora pra outra eu estava em um papel invertido; não era mais a filha ou a neta da dona da casa, eu era a empregada. Muitas famílias não queriam saber da minha vida, se eu era formada, se falava outras línguas, se eu tinha problemas; a maioria queria saber se o chão estava bem esfregado, se o banheiro estava limpo e se eu era "limpinha" e de confiança. Tinha gente que passava que nem olhava pra minha cara, era como se eu fosse um objeto de decoração ou algo inferior aos cachorros e gatos que eles tratavam como filhos.
Eu lembro de uma vez que eu estava de quatro, literalmente, limpando os azulejos de um banheiro, e caí na gargalhada, eu só pensava: o que é que eu estou fazendo aqui??? Pq eu não vou embora??? eu não preciso passar por nada disso!!! Mas, na mesma hora, eu lembrava que tinha objetivos, sonhos a serem realizados, eu não podia jogar tudo pra cima e ir embora.
Estas situações me ensinaram a me colocar no lugar de outras pessoas; passei a me ver nos outros... parece uma coisa fácil, porém, não é. Muita gente se acha correto, justo, mas trata empregado como uma subraça, um inferior; acreditam que se derem um bom dia, um obrigado estão sendo ótimos patrões... fala sério, né???
Eu trabalhei pra uma família maravilhosa na Florida; eu lembro que no primeiro dia que eu cheguei na casa a dona me tratou como gente - nem todo mundo sabe o que é isso - foi súper atenciosa, toda hora me perguntava se eu estava precisando de alguma coisa e quando eu acabei me abraçou e agradeceu várias vezes pelo meu trabalho. Ela e a família, em pouco tempo, deixaram de ser patrões e passaram a ser amigos; pra vcs terem ideia, no dia do meu casamento eles choravam como se fossem meus pais. A maneira como eles agiram comigo me fez refletir sobre como é importante darmos o melhor de nós pra quem está ao nosso redor, independente da posição.
Até hoje mantemos contato, eles são alguns dos amigos que estão orando pela minha recuperação.
Os EUA é diferente do Canadá no sentido de que vc convive com brasileiros de todas as classes sociais, de todo tipo de background. Na minha igreja eu conheci pessoas formadas como tb outros sem estudo quase nenhum, conheci pessoas que chegaram com vistos como pessoas que chegaram à pé, literalmente rsrsrsrsrssr... Conheci empresários e socialites falhidos, profissionais liberais, enfim, todo tipo de gente.
Eu costumo dizer que viver como imigrante nos EUA é como cursar uma faculdade, vc sai enriquecido de experiências e aprendizado.
Quando eu olho pra minha vida hoje me sinto feliz de ter amigos, amigos de verdade, uns doutores, outros trabalhadores de mão-de-obra pesada, uns morando na Barra - RJ - outros na favela; mas todos são pessoas preciosas pra mim, especias de verdade.
Depois de muuuitas faxinas eu consegui pagar meu college nos EUA, tirei meu diploma, estagiei, consegui o meu primeiro trabalho, depois o segundo e, enfim, fui contratada por uma multinacional canadense como designer.
A vida dá voltas; hoje podemos estar de um jeito, amanhã de outro; um dia o dinheiro tá sobrando, já em outro tá faltando; quem dirige uma mercedes hoje, amanhã pode estar à pé; a gente nunca sabe... Eu aprendi a me adaptar às situações e valorizar mais as pessoas do que as coisas. Paulo nos ensina na bíblia como a nossa vida pode sofrer mudanças e como suportar os altos e baixos. Fp4:12-13 "Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece."
Quando eu olho pra trás e penso em tudo que eu vivi, eu sou levada a concordar com Paulo: passei por muitas coisas pq Deus me fortaleceu, sem Ele eu acho que teria voltado pro Brasil, e, através de todas as dificuldades que enfrentei, eu só saí ganhando... valeu muuuuito à pena!!!

4 comentários:

  1. Renata, que maravilha!
    Creio que as vezes DEUS nos permite passar por situacoes para nos tratar mesmo.
    As vezes é preciso nos tirar da nossa "zona de conforto"para poder trabalhar alguma area de nossa vida!
    Muito legal seu relato e sua experiencia.
    Obrigada por compartilhar.
    bjao e DEUS ABENCOE.

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  2. Reeeeeeeeeeeee!!
    Estávamos conversando sobre isso agora mesmo... adivinha com quem?
    Com o seu amado marido!!! Nos encontramos no Starbucks!!! Q alegria! Já passamos para ele o nosso número e ele vai morar mais pertinho da gente agora!! vai ser bem tranquilo para nos encontrarmos e iventarmos algum programa...
    Tomara que vc venha logo, logo!
    Beijks
    carina

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  3. Renata,

    Lindo testemunho. Vc é uma pessoa abençoada, que tem compartilhado do amor de DEUS com pessoas que vc nem conhece, como eu. Glória a Deus por sua vida.
    Um grande abraço, Denise Caséca

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  4. Andressa, obrigada vc por fazer parte do meu blog, a gente ainda vai trocar muitas experiências...bjs

    Carina, que novidade maravilhosa!!! amei saber...ontem eu não consegui falar com ele, mas fico feliz de saber que vcs se encontraram...bjs

    Denise, é muito bom saber que um pouco da minha vida tem tocado na vida de outras pessoas...o que eu mais quero é ser instrumento de Deus aqui na terra, mesmo que por enquanto seja só através do blog...espero me recuperar logo e poder voltar a ajudar na igreja, e agora em Vancouver...bjs

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