"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















domingo, 29 de outubro de 2017

Tem muito para ser feito

Hoje no culto da manhã um casal jovem da igreja anunciou que em breve estará saindo para o campo missionário.
Eles já vinham se preparando há 3 anos e vão continuar a estudar a lingua e a cultura do país por mais um ano até viajarem em 2018.
Eu fiquei ouvindo a pregação do rapaz hoje, o amor que com ele falava em alcançar o coração das pessoas e o peso da responsabilidade cristã caiu pesado sobre mim.
Eu lembro da época que eu comecei a frequentar a igreja evangélica nos EUA e que o pastor ministrava sobre missões, as lágrimas rolavam nos meus olhos. Pq na minha cabeça as pessoas que saem da sua zona de conforto para alcançar vidas são pessoas que entenderam de fato a mensagem do amor de Deus e estão dispostas a viver e a morrer por essa mensagem.
Quando vc ouve os testemunhos de missionários vc fica impactado com o agir de Deus na vida deles. É sobrenatural! A dificuldade é grande, os desertos são difíceis mas Deus cuida deles nos mínimos detalhes e isso é fascinante!
As vezes eu escuto pessoas de igreja dizendo que todos somos missionários. Eu até entendo a forma como elas interpretam, mas eu tenho um cuidado com essa palavra. Um missionário, ao meu ver, é uma pessoa que abriu mão, literalmente, da sua vida para alcançar a vida de outras pessoas. É uma pessoa que deixou de lado a sua carreira e os seus sonhos para viver o sonho de Deus.
Eu tive o privilégio de conhecer alguns missionários e em todos eles eu vi paixão por vidas e desapego das coisas desse mundo.
Na época que eu vivi no Brasil entre o período dos EUA e o Canadá, eu fui abençoada pela vida de um casal de pastores missionários. Eles deixaram suas carreiras em Belo Horizonte e abraçaram uma cidade bem pequena no interior de MG. Com as próprias mãos levantaram uma igreja e deram suas vidas para que as pessoas daquela cidade conhecessem o evangelho.
Agora com a idade mais avançada, ao invés de parar e descansar Deus colocou no coração do pastor um amor, sem explicação lógica, pelos índios de lá. Pensem num trabalho árduo, duro, sofrido... mas ele não larga por nada. Está lá servindo pessoas que não conhecem a Deus.
Claro que Deus prepara cada pessoa de um jeito e eu não sinto que eu tenha esse chamado para viver numa tribo... Mas na pregação de hoje o rapaz falou uma coisa interessante, ele disse que nós vivemos em uma das cidades mais multiculturais do mundo e que aqui temos a oportunidade de compartilhar o amor de Deus com pessoas de diferentes culturas, línguas e nações. É verdade! 
Eu tenho visto Deus trazer para cá muitos brasileiros cristãos e eu penso que isso é um mover de Deus para que as pessoas daqui conheçam o evangelho. Esses brasileiros podem estar vindo pra cá pela segurança, pelo qualidade de vida e não para uma obra missionária, mas eles podem ser usados por Deus para alcançar as pessoas sem esperança.
Se vc ainda não conhece Vancouver vc vai ficar chocado de saber que a população de moradores de rua não para de crescer e que centenas de pessoas morrem de overdose todos os anos. Isso não é por falta de apoio do governo, mas sim pelo uso de drogas e álcool.
Agora que estou trabalhando no centro eu vejo dezenas de pessoas dormindo na rua com travesseiros e cobertas, pessoas que estão mortas por dentro e não sabem.
Enfim, esse post é só pra me lembrar de lembrar vcs que tem muito a ser feito e poucas pessoas dispostas a fazer.
Uma semana abençoada pra todos nós.



domingo, 15 de outubro de 2017

Eu ser realista?!

Oi gente, depois do último post, no qual eu falei das dificuldades de minha filha na escola, eu tive uma reunião com o novo diretor e a counsellor. Eu confesso que esperava mais do diretor. Ele me irritou com as colocações dele tentando me convencer que minha filha tem problema e que ela está sendo bem assistida, muito melhor do que se estivesse na escola pública. Teve uma hora que ele disse "You have to be realistic..." e ele falou algo que deu a entender que eu tinha que aceitar as coisas como elas são. Claro que eu não concordei com ele, se eu fosse o tipo de pessoa que aceita as coisas como elas são eu nunca tinha saído da minha cidade e do meu país, tinha ficado lá aceitando como as coisas são... Eu tenho até medo de mim, queria eu aceitar mais as coisas como elas são, pq talvez assim eu me contentasse mais... Não, eu não sou assim, eu acho que devemos sempre fazer mais, arriscar mais e correr mais atrás das coisas que acreditamos. 
O caminho não é fácil e muitas pedras vão surgir para nos fazer tropeçar e desistir, mas faz parte. a gente cai e levanta.
Esse processo todo com minha filha somado com estresse de trabalho, de vida, me deixa muito no limite e me faz questionar se eu não estou falhando de alguma forma. 
A counsellor me disse que eu sou uma das poucas mães que defende os interesses do filho e faz tudo o que está ao alcance para ajudar, mas na minha cabeça eu sempre acho que poderia fazer mais.
Eu estou estudando com minha filha e estou ciente das dificuldades, mas eu acredito que com o tempo e a maturidade as coisas vão se ajeitar. Eu mesma fui péssima aluna por muito tempo, até  entender a minha melhor forma de aprender.
Uma coisa que me chama atenção aqui no Canadá é a falta de apoio para as crianças diferentes. Tudo é pago e é muito caro! o suporte que as escolas públicas dão é muito pouco comparado com a necessidade. 
Saiu até numa matéria de TV aqui uma reportagem sobre um grupo de pais de crianças especiais que se juntaram para cobrar do governo mais estrutura para seus filhos nas escolas. Eu pensei que só eu estava sentindo isso, mas vi que muitas famílias estão passando pela mesma coisa.
Me inscrevi no grupo e estou recebendo todas as informações sobre o assunto.
Bom, vou ficando por qui. Que Deus abençoe a semana de vcs.

domingo, 1 de outubro de 2017

As lágrimas da semana

Oi gente, tenho estado super ocupada com o trabalho e quando consigo um tempo livre prefiro me desligar do mundo. Mas nesse final de semana eu consegui recarregar as minhas energias e estou aqui pra dividir um pouco da minha vida com vcs.
As últimas semanas têm sido muito difíceis pra mim! Na primeira semana de setembro minha filha voltou para a escola e eu fui na sala dela para uma apresentação dos professores sobre como seria o ano letivo. Eu sentei na cadeira dela e resolvi abrir os cadernos e encontrei tudo em branco e alguns desenhos. Ela ama desenhar!!! puxou isso de mim! acho até que tem mais talento do que eu.
Mas as páginas em branco me mostraram o quanto ela está atrasada! Na quarta série no Brasil eu já escrevia longas redações, fazia cálculos, tinha aula de ciências, história, geografia e etc.
Depois da apresentação fui até a tutora da escola para saber o que seria feito com a minha filha durante o ano, já que ela está entrando no grade 4 com nível sabe lá de quê! Em 3 anos ela teoricamente vai ir para o segundo grau, mas eu não vejo como.
Aqui no Canadá a criança com dificuldade não reprova. A escola cria um programa especial e a criança continua passando de ano com o resto da turma mesmo não tendo condições. Eu entendo o lado positivo para o emocional, mas no lado prático eu, sinceramente, duvido que funcione.
Minha filha tem dislexia e deficite de atenção. Ela tem tutora na escola e fora da escola, ela tem fonodióloga e psicóloga. E não pensem que isso é dado pelo governo, pq não é. Tudo custa dinheiro e é caro! Ela tem tido progressos, mas, ao meu ver, muito lentamente. 
Para ajudar eu comecei a estuda com ela em casa, mas é complicado pq o que eu sei de ensino foi o que aprendi no Brasil e aqui as coisas são diferentes. Mas eu realmente não vejo outra opção. Eu e meu marido ficamos arrasados quando ela chorando nos disse que achava que não conseguiria aprender.
Me senti tão impotente vendo o pânico dela! o que podemos fazer estamos fazendo e ainda é pouco. Existem escolas especiais para crianças com dislexia e dificuldade de aprendizado, mas um ano custa $30 mil dólares e isso multiplicado por 6 anos de estudo é um dinheiro que eu não tenho. Fiquei de visitar uma dessas escolas em novembro para ver as opções de pagamento, mas é só um milagre de Deus! 
Eu cheguei ao ponto de cogitar passar um tempo no Brasil de tão preocupada que fiquei. 
Mas eu não posso ir para o Brasil, EUA ou qualquer outro lugar sem antes Deus me direcionar. Estou orando por um direcionamento. Eu sei que esse problema comparado a muitos outros que eu já enfrentei é pequeno, mas eu quero ter a certeza que fiz tudo o que podia fazer.
Eu tenho uma mãe que mesmo com muitas dificuldades se sacrificou para que eu e minhas irmãs tivéssemos uma educação de qualidade. Não tive luxo, mas estudou nas melhores escolas e só não fiz mais da minha vida acadêmica quando jovem pq fui imatura, mas eu tive oportunidade de ser o que eu quisesse ser, pq as ferramentas para isso eu tive. Então, eu quero que minha filha tenha o mesmo.
Eu acho que toda essa história me deixou mais sensível do que eu já sou e eu tive dois momentos no espaço de uma semana que me tocaram profundamente:
1- Fui visitar semana passada a bebê de um casal de amigos que nasceu bem pequenininha. Graças a Deus ela está bem e já teve alta, mas quando eu fui vê-la semana passada ela estava no NICU (Neonatal Intensive Unit) e entrar no NICU me trouxe grandes emoções. Na hora que eu pisei no NICU me veio um filme na cabeça de tudo que eu passei na minha primeira gestação. Já se passaram 10 anos, mas basta uma coisinha pra eu relembrar de cada segundo e cada lágrima derramada. Mas a vida segue e glória a Deus que as lágrimas e a dor não me impediram de seguir em frente.
2- Ontem foi dia de Food Bank e foi um dia muito especial. Um grupo de voluntários de outra igreja veio me ajudar e a experiência foi maravilhosa! Mas enquanto eu ajuda uma pessoa a fazer o cadastro, um dos voluntários me chamou para falar com uma mulher que estava chorando. Eu sentei perto e ela estava com um filhinha no colo e chorava copiosamente. Eu perguntei se eu podia ajudar em alguma coisa e ela me disse que estava bem, mas estava chorando pq não estava acostumada a ir ao Food Bank. Na hora as lágrimas vieram aos meus olhos pq eu senti a dor dela. A vida da gente tem altos e baixos e, sem dúvida, ela estava vivendo um momento difícil.
A gente nunca pensa que vai precisar receber uma cesta básica, mas sabe lá Deus os caminhos que a nossa vida pode tomar. Aquela mulher estava com a filha nos braços. Talvez ela seja mãe solteira e tenha ficado desempregada, talvez ela não tenha família, talvez as dívidas a desestabilizaram, enfim, são muitos os motivos que podem levar uma pessoa a precisar de ajuda, mas a boa notícia é que existe um lugar de apoio e aqui no Canada se chama Food Bank.
O Food Bank não é um lugar de julgamento. O Food Bank é um lugar de receptividade, solidariedade, socorro e amor. Eu sou grata pela oportunidade de fazer parte de um trabalho lindo como esse!
Uma semana abençoada para todos nós! 
Seguem algumas fotos dos voluntários de ontem :)