"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















sábado, 11 de setembro de 2010

Eu estava no 11 de setembro...na Florida

Uma das melhores coisas de ser brasileiro é não ter que se preocupar, pelo menos de forma direta, com ataques terroristas. É verdade que em algumas capitais, facções criminosas já agem como terroristas, mas ainda sim, em minha opinião, não são ações em pontos inusitados, em qualquer lugar à qualquer hora, para atingir centenas de pessoas inocentes, e chamar atenção da mídia e do governo; como fazem as organizações terroristas.
Eu, uma brasileira comum, baiana, que nunca tinha passado por uma situação real de guerra, conflito, ameaça ou coisas do tipo; me vi, de repente, numa cena de filme. Sim, pq o 11 de setembro há 9 anos atrás parecia uma cena de Hollywood; até mesmo pra mim, que não estava em NY, e sim, na Florida.
Era de manhã ainda, eu estava numa aula de inglês quando, de repente, uma das alunas foi chamada pra pegar a filha na escola; em poucos minutos outra foi chamada também, e foi embora. A turma foi liberada pro "break" minutos depois, e os celulares de todo mundo não paravam de tocar - menos o meu, pq eu não tinha rsrsrsrs... - foi quando eu fiquei sabendo, pela internet, que o World Trade Center havia sido atacado por 2 aviões. Mas, até aí, ninguém estava entendendo nada, as informações eram desencontradas; até ser divulgado, pelo rádio e pela tv, que todos deveriam ir pra suas casas por questão de segurança, pq o país estava sendo atacado, haviam aviões desaparecidos e podiam cair em qualquer lugar...era inacreditável!!!
Até então, eu não estava pensando no ataque em si, pq ainda era uma ideia surreal, porém eu comecei a pensar em minha avó, em minha mãe que podia estar assistindo no Brasil; fiquei pensando na preocupação delas comigo, e resolvi ir pra casa ver o que realmente estava acontecendo, e depois ligar pro Brasil pra dar notícias. Deixei a escola depois das 10:00 da manhã, um horário, normalmente, de trânsito tranquilo; mas naquele dia estava tudo diferente: o trânsito estava engarrafado, muito lento, tinham carros tentando sair da highway pelo meio-fio, muita gente buzinando - os americanos raramente buzinam - e muitos carros de polícia por todo lado. Pra ver se o tempo passava mais rápido, liguei o rádio; pra minha surpresa, todas as emissoras apitavam "Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....", como um sinal de alerta, e depois um locutor entrava pedindo, em inglês e espanhol, que todos evitassem ficar nas ruas e fossem para as suas casas o quanto antes até uma segunda ordem...me senti em um filme de guerra, acho que eu e todo mundo que estava ao meu redor; dava pra ver a cara de pânico das pessoas...
Ao chegar em casa liguei a tv e, ao mesmo tempo, liguei pro Brasil; a família toda estava muito preocupada, me diziam pra não sair em casa, que "vários" aviões tinham caído, que mais não sei quantos estavam desaparecidos e podiam cair em qualquer lugar - nisto eles imaginavam que podiam cair bem na minha cabeça, né??? rsrsrsrs... - era um alarde mundial, medo geral. Minha mãe só dizia que assim que os aeroportos fossem reabertos, que eu iria voltar pro Brasil, que eu não era maluca de querer ficar num lugar como os EUA, que além de furacão e tornado, ainda era alvo de terroristas... pressão total!!! rsrsrsrs...
Muitos pensaram como minha mãe e começaram a ir embora; eu lembro que o consulado chegou a fretar vôos pra tirar brasileiros dos EUA...parecia uma guerra de verdade!!! mas eu resisti e fiquei, contra tudo e contra todos rsrsrsrsrs...
Quanto mais eu assistia as cenas dos ataques na tv - pq passavam o dia todo, todos os dias - , menos eu acreditava, só parecia real à  noite, quando dava pra ouvir aviões do exército sobrevoando a cidade.
Em poucos dias já era comum encontrar soldados pelas ruas, nos mercados - e olha que eu não estava em NY, eu estava em Palm Beach - policias fechando predios inteiros à procura de suspeitos ou ameaças à bomba, lugares sendo interditados e etc. Todo este clima de tensão começou a contagiar às pessoas, inclusive eu, que também fiquei meio que "em alerta" constante.
Eu lembro que poucas semanas depois do atentado, eu estava numa aula, quando o alarme da escola tocou - era um som bem estridente, incômodo aos ouvidos - e todos se levantaram, e se colocaram em fila, disciplinadamente - e eu, com uma vontade muito grande de correr, estilo "salve-se quem puder" rsrsrsrsrs... - e, ao sair da sala, eu e os demais alunos - todos visivelmente preocupados - fomos informados que se tratava apenas de um treinamento... me deu uma vontade de dizer: Treinamento??? vcs querem me matar??? se era um treinamento me avisasse antes, eu quase morri!!!!
Mas para os americanos, este tipo de treinamento é normal; desde pequenos eles aprendem nas escolas como se comportar em casos de incêndio, furacão, e outras situações de emergência. Eu é que era a "estranha no ninho", que não estava entendendo nada rsrsrsrsrs...
Depois do 11 de setembro os EUA mudou ou, pelo menos, eu senti que mudou. Até fazer coisas corriqueiras, como ir ao correio ou parar no sinal, às vezes, parecia uma grande aventura.
Certo dia eu fui colocar uma carta no correio, era umas 2:00 da tarde; quando cheguei notei que o estacionamento estava vazio; o posto parecia estar abandonado, não tinha quase ninguém, estava entregue às "moscas", só tinha um funcionário no balcão. Eu estranhei mas entrei, perguntei o por quê daquela calma toda, o funcionário deu um risinho, e disse que não sabia; paguei pelo envio da correspondência, e fui embora com aquilo na cabeça...mas quando eu cheguei em casa descobri, pela tv, que o tal correio havia recebido envelopes com Antrax (uma substância tóxica que estava sendo enviada pra diversos lugares em uma ação terrorista)...se eu tivesse ido pela manhã, eu teria dado de cara com a polícia, o FBI, os cães farejadores, e todo o aparato anti-terrorismo...ai, que medo!!!
Já em uma outra vez, indo pra escola, parei no sinal vermelho; bem na esquina tinha um homem com um turbante na cabeça, com uma daquelas roupas pretas compridas, que fecha o corpo todo, uma barba grande estilo "Bin Laden", e um sorrisinho dissimulado. Eu percebi um certo pânico no rosto das pessoas que estavam paradas junto comigo esperando o sinal abrir, era um medo visível; minhas pernas tremiam, os minutos do sinal pareciam uma eternidade...quando o sinal ficou verde e eu, enfim, passei, e pude analisar a situação com mais calma; me senti uma completa "idiota"...o "do turbante", parado na esquina, devia estar rindo da minha cara e das outras pessoas, talvez ele estivesse lá "plantado na rua" só pra dar umas risadas às custas dos "apavorados" rsrsrsrsrsrs...
Hoje eu posso contar isto com uma certa graça, mas de engraçado não tem nada. Foi um episódio muito triste para os EUA e pro mundo. Muitos inocentes de várias nacionalidades perderam suas vidas de forma cruel, pelo radicalismo de um pequeno grupo. Muitas famílias ficaram incompletas, e muitos filhos ficaram órfãos...nada justifica tanto ódio. Depois dos atentados de 11 de setembro, os EUA ficaram reféns do medo; e é bom lembrar que os EUA não é somente um presidente ou um grupo de líderes, são famílias de diferentes crenças e origens...o ocidente, de uma certa forma, também ficou refém do medo - tirando o Brasil, é claro!!! é uma excessão... - Inglaterra, Canadá, França, entre outros, passaram a ser alvos...até quando???
Rm 14:11-12 "Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, e toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus."

Um comentário:

  1. Muito triste mesmo, pensar que a vida é um direito de todos e que alguns pensam que podem barganhar com isso...
    Jesus há muito avisou da dureza do coração dos homens, mas nós não mudamos ainda...

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