"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Momentos dificeis...

Sl23:4"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo..."
A vida é cheia de emoções, mesmo quando a gente não procura, elas sempre aparecem. Eu sou o tipo de pessoa que nunca quebrou um osso, sabe pq? simples, eu nunca me arrisquei à este ponto rsrsrs...é verdade, não sou o tipo de pessoa que escalaria montanhas, que pularia de pára-quedas - Deus me livre, nem pensar!!! - minhas maiores aventuras foram nas montanhas russas da Disney, e com toda proteção, é claro!!!
Eu estava assistindo o dvd do meu casamento (minha filha achou e pediu pra ver, nos últimos 2 dias já assisti mais de 5 vezes rsrsrs...) e numa determinada parte, o Pastor falou alguma coisa do tipo: "Hoje é um momento de muita alegria pra este jovem casal, mas eles precisam estar conscientes de que um casamento não é feito só de bons momentos..."
Já são quase 7 anos de casada, tantas coisas aconteceram, a minha vida deu tantas voltas, e vivemos tantas emoções...como, depois de todo este tempo, as palavras ditas pelo Pastor fazem tanto sentido???
O meu casamento foi simples, não teve festa, mas foi uma cerimônia muito bonita; e eu me lembro, como se fosse hoje, que eu estava completamente feliz; até aquele dia, com certeza, o meu casamento tinha sido o dia mais feliz da minha vida. Porém as palavras do Pastor naquele dia, foram conselhos, uma advertência - que eu, na minha emoção, talvez nem tenha prestado a devida atenção - de quem tinha experiência, conhecimento de causa.
Pois bem, eu e o meu amado, depois do "sim" na igreja, vivemos momentos maravilhosos juntos, outros nem tanto, mas até o terceiro ano de casado estava tudo sob controle, nada muito difícil tinha acontecido.
Eu e meu marido estávamos prestes a escalar um "everest" e não tínhamos noção.
No final de novembro de 2006 eu descobri que estava grávida, eu fiquei muito feliz, era meu primeiro filho, era o fruto de um casamento feliz, de duas pessoas que se amavam. Como uma mãe de primeira viagem, súper preocupada, fui bem cuidadosa com o pré-natal, escolhi um médico por indicação, segui as recomendações, eu estava carregando dentro de mim um filho muito desejado, eu queria ter certeza de que estava indo tudo bem. Eu adorava quando o médico dizia que eu estava com o peso certo, que meus exames estavão normais, que minha gravidez ia ser muito tranquila; pra mim, até então, isto era sinal de que tudo estava bem, que não tinha como dár nada errado.
No quarto mês descobrimos que eu estava esperando uma menina, adorei!!! comecei a ganhar vestidinhos, toalhinhas, minha família no Brasil não parava de mandar coisas. Comecei a planejar o quartinho, a escolher nomes, não via a hora dela nascer...eu só não sabia que isto estava prestes a acontecer.
No início do quinto mês de gestação, me levantei pra tomar banho pra ir pro trabalho, quando aconteceu o inesperado: no chuveiro ainda, eu senti algo descendo pelas minhas pernas, quando vi era sangue escorrendo, muito sangue. Saí do banho, liguei pro meu marido e pedi que ele fosse me pegar, em pouco tempo ele chegou e me levou pro hospital. O hospital ficava há 5 minutos de carro da minha casa, fomos atendidos de imediato, ligaram pro meu médico e, em seguida, me levaram pra fazer um ultrasound e me colocaram em um quarto. Pouco tempo depois o meu obstetra ligou e me disse mais ou menos assim: "...vc está em trabalho de parto, não tem como reverter, em 48 horas vc terá essa criança, e ela não irá sobreviver..."
Imaginem como eu me senti naquele momento, eu tinha acabado de ouvir o que ia de encontro a tudo que eu estava esperando. Eu estava grávida, em poucos meses eu teria uma menininha linda nos meus braços, como assim que eu estava prestes a perdê-la??? eu comecei a pensar: "será que eu não ouvi direito? talvez eu não tenha entendido o inglês dele..." e em seguida: "a última palavra é de Deus, não é dele, pra Deus não há impossível...eu tenho fé, vou orar e Deus pode reverter essa situação..."
O mover de Deus é algo incrível, só Ele sabe quando vai agir, como, de que forma; a nós crentes, cabe estudar a Sua palavra pra conhecê-lo cada dia mais, e estar preparados para aceitar os Seus caminhos.
Diante de tudo o que eu estava vivendo, só me restava esperar por um milagre e, se dependesse de orações, esse milagre ia acontecer. Eu, meu marido, nossos amigos, nossa igreja, nossas famílias no Brasil, todos começaram a orar.
Eu queria muito que Deus respondesse a minha oração, orei acreditando que Ele é grande e poderoso pra fazer acontecer; só que como alguém que conhece o Deus que serve, eu tive que encerrar as minhas orações dizendo: "...mas que seja feita a Sua vontade." Mesmo sem querer, pq como mãe eu não queria dizer isto, mas pra mim, independente da situação, Ele é o meu Deus soberano, Ele sabe o que faz, mesmo que o que Ele queira não seja o que meu coração quer.
Os enfermeiros colocaram aparelhos na minha barriga pra monitorar o bebê e as contrações, e eu podia ouvir os batimentos do coraçãozinho dela o tempo todo, ela me chutava, eu sentia os pezinhos dela...estava tudo tão normal, aos meus olhos de leiga, que era difícil acreditar que ela estava em uma situação de risco.
Um médico especializado em bebês prematuros foi conversar comigo e me explicou que se a minha filha já tivesse 25 semanas, ela teria 60% de chances de sobreviver, menos de 25 e mais de 21, as chances diminuíriam pra 20%, com a grande probabilidade de sequelas.
Com um pouco mais de 24 horas de internação, as contrações começaram a ficar fortes, o médico, então, me deu remédios pra controlar a dór, no começo até fizeram efeito e eu dormi, mas em pouco tempo já não adiantavam mais. As dores ficaram mais intensas, o médico não deixou que me dessem nenhuma anestesia pq poderia prejudicar ainda mais a situação do bebê, então a dór foi aumentando, aumentando, e eu gritando, berrando, literalmente, me descabelando - eu nunca tinha sentido tanta dór, sem exagero! - e eu chegava a desmaiar entre uma contração e outra. O médico chegou no quarto e falou com uma voz bem calma "eu vou te ajudar", rompeu a bolsa pra acelerar o parto, e começou a me orientar a forçar o bebê a sair. Tinham umas 10 pessoas no quarto, uma equipe pronta pra levar o bebê pra UTI.
Depois de muita dór, de muito "push, push..." minha filhinha nasceu e eu ouvi o médico dizendo "só tem 21 semanas", me mostraram rapidamente já na encubadora e a levaram de mim...que sensação de vazio!!! tinha acabado a dór, mas a pior parte da história ainda estava por vir.
 Depois do parto eu dormi, na verdade, eu apaguei; acordei poucas horas depois e pedi que me levassem pra ver a minha filha. Ela era tão pequena, mas tão perfeita, estava toda formada, e eu não sabia se ficava feliz ou se ficava triste, era uma mistura de emoções.
Depois de vê-la pela primeira vez, eu já não conseguia ficar no quarto, eu a visitava a todo momento, e orava, cantava hinos de adoração, a acariciava, eu queria que ela soubesse que eu estava alí, que eu amava, eu tinha esperança que o meu amor pudesse fortalecê-la...foram 3 dias, dias de fé, de oração, de lagrimas; até que o coraçãozinho dela parou de bater na minha frente e do meu esposo, vimos os médicos lutando pela vida dela, e nós orando, clamando pra que Deus operasse um milagre, Ele podia...mas, Ele a levou de nós. O que nos restava fazer diante daquele quadro, daquela situação??? ficar bravos com Deus??? não, de jeito algum "Deus deu, Deus tomou, bendito seja o nome do Senhor". Eu e o meu marido optamos por aceitar a vontade de Deus para as nossas vidas; sofremos muito, mas a nossa fé em Deus foi maior do que a nossa dór.
Depois disto tudo, fui atrás de respostas, e um médico em Salvador, especializado em gestações de risco, me diagnosticou com um problema chamado Incompetência Cervical, é quando a cervix abre com o peso do feto, levando a gestante a entrar em trabalho de parto, geralmente, no quinto mês.
Eu perdi minha primeira filha dia 27 de abril de 2007, em julho do mesmo ano eu já estava grávida novamente, dia 28 de março de 2008 Deus me deu, perfeita e saudável, com 9 meses completos de gestação, a minha segunda filha...esperta, pintona, vale por 3 rsrsrsrs...

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