"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vendedoras de amor

Eu ouvi a expressão "vendedoras de amor" há 2 semanas atrás quando eu estava na porta da igreja conversando com um casal, e o meu amigo, ao ver três adolescentes passarem pela rua, comentou que elas eram "vendedoras de amor", em outras palavras: prostituta, piriguete, mulher de vida fácil e etc.
Não deu tempo de reparar no rosto delas, eu só percebi que eram meninas muito novas. Se isso tivesse sido em Salvador - minha cidade natal - ou em qualquer grande cidade, talvez eu não tivesse nem reparado, a situação nem me chamaria tanta atenção; porém, como Pavão é uma cidade pequena, de aproximadamente 9.000 habitantes, é um lugar que as pessoas se conhecem pelo apelido, pelo nome do pai ou do avô, eu fiquei um pouco impressionada. Fui pra casa pensando em como eu conseguiria me aproximar dessas meninas pra falar a elas do amor de Deus, eu senti uma grande vontade de mostra-las um novo caminho.
No dia seguinte, logo pela manhã, conversei com o grupo de louvor sobre a importância de estarmos levando a verdade do evangelho a pessoas, como as garotas que eu tinha visto no dia anterior, que são "esquecidas" pela sociedade, deixadas de lado por aqueles que mais deveriam se preocupar com elas: nós, cristãos, que dizemos seguir os passos de Jesus, mas que não aceitamos o "ide" pra irmos ao encontro dos que realmente precisam; ficamos acomodados em ser cristãos sentados nos bancos confortáveis de nossas igrejas. Conversamos muito sobre o assunto mas não definimos nada, ficou meio que em aberto.
Mas, graças a Deus, que quando Deus quer alcançar uma pessoa, Ele move céus e terra, Ele trabalha pra que tudo se encaixe e palavra de salvação chegue a quem tem que chegar.
No domingo passado, depois do louvor, enquanto eu pregava, eu vi uma das jovens da igreja colocando três adolescentes no primeiro banco. Eu não percebi quem eram, só notei que não eram da igreja; e eu continuei falando, o Espírito Santo foi me dando palavras e eu senti vontade de fazer o apelo. Então, pedi que a igreja estivesse orando enquanto o louvor tocava mais uma música, e àqueles que tivessem sido tocados pela palavra se levantassem e se dirigissem à frente pra que a igreja pudesse interceder. Antes do final da música algumas pessoas já estavam na frente; de repente uma jovem do primeiro banco também se levantou e o ministro de louvor começou a chorar, encerrando o hino aos prantos. Até aí eu não tinha percebido o que estava acontecendo; orei pelas pessoas que quiseram fazer um compromisso com Deus, encerrei o culto e fui pra casa. Somente no dia seguinte é que eu fui saber que a jovem que tinha levado o louvor às lágrimas era uma das "vendedoras de amor" que tinha passado por mim dias antes. Uma das meninas da igreja, sem saber do meu desejo de estar me aproximando das garotas, há muito tempo já vinha fazendo o convite a elas pra visitar a igreja...glória a Deus que elas foram!!!
Mas é depois da primeira visita que começa um outro processo: mantê-las na igreja, ajudá-las a vencer os convites do mundo, fortalece-las contra as tentações, enfim, estar por perto.
Marcamos uma visita na casa delas pra quarta-feira às 8:00 da manhã. Acordei às 7:00, encontrei Kelly - líder de dança da igreja - e subimos um morro de todo o tamanho, debaixo de chuva, pra conversar com as garotas...eu pensei que eu não ia conseguir, a ladeira era tão grande que eu tinha impressão que a qualquer hora eu ia cair e sair rolando rsrsrsrs... sem falar que eu nem tenho preparo físico pra isso rsrssrsrsrsrs... sou daquelas que vai à academia por obrigação e não por vontade rsrsrsrsrs...
Pois bem, subimos o morro - pra mim quase um "pão de açucar" rsrsrsrsrsrs... - batemos na primeira casa, mas ninguém atendeu... pensei logo: Ai, meu Deus, será que tudo isso vai ser em vão???
Aí começamos a perguntar na rua a direção da casa de uma das outras garotas; depois de andar bastante e de muita informação, descemos o morro; detalhe: estava chovendo e tinha muito limo, se eu sentasse em um papelão era capaz de descer como em um tobogã rsrsrsrsrsrsrs...
Achamos a casa, encontramos lá duas das meninas: uma porque morava lá mesmo, e a outra porque tinha sido expulsa de casa na noite anterior e estava sem ter pra onde ir. A que morava lá, pra minha surpresa, tem 16 anos, e a outra somente 13 anos. Elas nos receberam bem; notei que o padrasto, da que morava na casa, estava com um cara feia pra gente; então a garota me explicou que ele estava achando que nós éramos "piriguetes", mas que a gente não preocupasse que assim que ele visse a bíblia ele ia embora...
Pregamos, conversamos, rimos juntas, e elas aceitaram mudar de vida. A mãe que estava na cozinha, também atenta a tudo que eu falava, se aproximou, e quando teve um tempo à sós comigo, me pediu que, por favor, eu ajudasse a filha dela a mudar de vida... como eu queria ajudá-la!!! mas eu não podia dar garantia de mudança, não está em minhas mãos, eu garanti que pregaria a verdade, mas a escolha vai de cada um, é individual.
Saimos de lá pra ir ao encontro da terceira garota, as outras duas foram com a gente. E lá fui eu subir o morro de novo rsrsrsrsrsrs... desta vez foi mais fácil, acho que Deus teve pena de mim e me fortaleceu rsrsrsrsrsrs... a chuva não deu trégua e chegamos lá bem molhadinhas rsrsrsrsrsr...mas, pelo menos, a casa já estava aberta e a garota estava na porta pra nos receber.
Falamos do amor de Deus, da salvação, do quanto essa nossa vida é passageira, do quanto nós somos preciosas aos olhos de Deus e etc. Os pais estavam atentos a tudo que estava sendo falado, e a menina, com a imaturidade natural de seus 13 anos, às vezes dizia que não estava entendendo, eu respondia com ilustrações, com histórias e a gente foi se entendendo. Perguntei se ela queria mudar de vida, escrever uma nova história, traçar um novo caminho; e ela disse que sim... glória a Deus!!!
Ao nos despedirmos dos pais, mais uma vez nos pediram pra voltar, com olhos quase implorando, nos pediram pra que ajudasse-mos as meninas a mudarem de vida.
O dia foi especial, cheguei cansada, mas feliz de poder ter servido à obra mais uma vez, e triste porque,
quanto mais eu mergulho na obra de Deus mais me acho egoísta, inútil; há tanto pra ser feito, há tantos corações sedentos da verdade, necessitados de uma palavra de esperança, de salvação, e eu fechada em meus problemas, em minha vida, correndo atrás de meus sonhos... que o Senhor tenha misericórdia de mim e dos demais cristãos que estam deixando a vida passar sem viver o verdadeiro cristianismo.
Rm10:14 "Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?"

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