"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















sábado, 11 de setembro de 2010

Eu estava no 11 de setembro...na Florida

Uma das melhores coisas de ser brasileiro é não ter que se preocupar, pelo menos de forma direta, com ataques terroristas. É verdade que em algumas capitais, facções criminosas já agem como terroristas, mas ainda sim, em minha opinião, não são ações em pontos inusitados, em qualquer lugar à qualquer hora, para atingir centenas de pessoas inocentes, e chamar atenção da mídia e do governo; como fazem as organizações terroristas.
Eu, uma brasileira comum, baiana, que nunca tinha passado por uma situação real de guerra, conflito, ameaça ou coisas do tipo; me vi, de repente, numa cena de filme. Sim, pq o 11 de setembro há 9 anos atrás parecia uma cena de Hollywood; até mesmo pra mim, que não estava em NY, e sim, na Florida.
Era de manhã ainda, eu estava numa aula de inglês quando, de repente, uma das alunas foi chamada pra pegar a filha na escola; em poucos minutos outra foi chamada também, e foi embora. A turma foi liberada pro "break" minutos depois, e os celulares de todo mundo não paravam de tocar - menos o meu, pq eu não tinha rsrsrsrs... - foi quando eu fiquei sabendo, pela internet, que o World Trade Center havia sido atacado por 2 aviões. Mas, até aí, ninguém estava entendendo nada, as informações eram desencontradas; até ser divulgado, pelo rádio e pela tv, que todos deveriam ir pra suas casas por questão de segurança, pq o país estava sendo atacado, haviam aviões desaparecidos e podiam cair em qualquer lugar...era inacreditável!!!
Até então, eu não estava pensando no ataque em si, pq ainda era uma ideia surreal, porém eu comecei a pensar em minha avó, em minha mãe que podia estar assistindo no Brasil; fiquei pensando na preocupação delas comigo, e resolvi ir pra casa ver o que realmente estava acontecendo, e depois ligar pro Brasil pra dar notícias. Deixei a escola depois das 10:00 da manhã, um horário, normalmente, de trânsito tranquilo; mas naquele dia estava tudo diferente: o trânsito estava engarrafado, muito lento, tinham carros tentando sair da highway pelo meio-fio, muita gente buzinando - os americanos raramente buzinam - e muitos carros de polícia por todo lado. Pra ver se o tempo passava mais rápido, liguei o rádio; pra minha surpresa, todas as emissoras apitavam "Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....", como um sinal de alerta, e depois um locutor entrava pedindo, em inglês e espanhol, que todos evitassem ficar nas ruas e fossem para as suas casas o quanto antes até uma segunda ordem...me senti em um filme de guerra, acho que eu e todo mundo que estava ao meu redor; dava pra ver a cara de pânico das pessoas...
Ao chegar em casa liguei a tv e, ao mesmo tempo, liguei pro Brasil; a família toda estava muito preocupada, me diziam pra não sair em casa, que "vários" aviões tinham caído, que mais não sei quantos estavam desaparecidos e podiam cair em qualquer lugar - nisto eles imaginavam que podiam cair bem na minha cabeça, né??? rsrsrsrs... - era um alarde mundial, medo geral. Minha mãe só dizia que assim que os aeroportos fossem reabertos, que eu iria voltar pro Brasil, que eu não era maluca de querer ficar num lugar como os EUA, que além de furacão e tornado, ainda era alvo de terroristas... pressão total!!! rsrsrsrs...
Muitos pensaram como minha mãe e começaram a ir embora; eu lembro que o consulado chegou a fretar vôos pra tirar brasileiros dos EUA...parecia uma guerra de verdade!!! mas eu resisti e fiquei, contra tudo e contra todos rsrsrsrsrs...
Quanto mais eu assistia as cenas dos ataques na tv - pq passavam o dia todo, todos os dias - , menos eu acreditava, só parecia real à  noite, quando dava pra ouvir aviões do exército sobrevoando a cidade.
Em poucos dias já era comum encontrar soldados pelas ruas, nos mercados - e olha que eu não estava em NY, eu estava em Palm Beach - policias fechando predios inteiros à procura de suspeitos ou ameaças à bomba, lugares sendo interditados e etc. Todo este clima de tensão começou a contagiar às pessoas, inclusive eu, que também fiquei meio que "em alerta" constante.
Eu lembro que poucas semanas depois do atentado, eu estava numa aula, quando o alarme da escola tocou - era um som bem estridente, incômodo aos ouvidos - e todos se levantaram, e se colocaram em fila, disciplinadamente - e eu, com uma vontade muito grande de correr, estilo "salve-se quem puder" rsrsrsrsrs... - e, ao sair da sala, eu e os demais alunos - todos visivelmente preocupados - fomos informados que se tratava apenas de um treinamento... me deu uma vontade de dizer: Treinamento??? vcs querem me matar??? se era um treinamento me avisasse antes, eu quase morri!!!!
Mas para os americanos, este tipo de treinamento é normal; desde pequenos eles aprendem nas escolas como se comportar em casos de incêndio, furacão, e outras situações de emergência. Eu é que era a "estranha no ninho", que não estava entendendo nada rsrsrsrsrs...
Depois do 11 de setembro os EUA mudou ou, pelo menos, eu senti que mudou. Até fazer coisas corriqueiras, como ir ao correio ou parar no sinal, às vezes, parecia uma grande aventura.
Certo dia eu fui colocar uma carta no correio, era umas 2:00 da tarde; quando cheguei notei que o estacionamento estava vazio; o posto parecia estar abandonado, não tinha quase ninguém, estava entregue às "moscas", só tinha um funcionário no balcão. Eu estranhei mas entrei, perguntei o por quê daquela calma toda, o funcionário deu um risinho, e disse que não sabia; paguei pelo envio da correspondência, e fui embora com aquilo na cabeça...mas quando eu cheguei em casa descobri, pela tv, que o tal correio havia recebido envelopes com Antrax (uma substância tóxica que estava sendo enviada pra diversos lugares em uma ação terrorista)...se eu tivesse ido pela manhã, eu teria dado de cara com a polícia, o FBI, os cães farejadores, e todo o aparato anti-terrorismo...ai, que medo!!!
Já em uma outra vez, indo pra escola, parei no sinal vermelho; bem na esquina tinha um homem com um turbante na cabeça, com uma daquelas roupas pretas compridas, que fecha o corpo todo, uma barba grande estilo "Bin Laden", e um sorrisinho dissimulado. Eu percebi um certo pânico no rosto das pessoas que estavam paradas junto comigo esperando o sinal abrir, era um medo visível; minhas pernas tremiam, os minutos do sinal pareciam uma eternidade...quando o sinal ficou verde e eu, enfim, passei, e pude analisar a situação com mais calma; me senti uma completa "idiota"...o "do turbante", parado na esquina, devia estar rindo da minha cara e das outras pessoas, talvez ele estivesse lá "plantado na rua" só pra dar umas risadas às custas dos "apavorados" rsrsrsrsrsrs...
Hoje eu posso contar isto com uma certa graça, mas de engraçado não tem nada. Foi um episódio muito triste para os EUA e pro mundo. Muitos inocentes de várias nacionalidades perderam suas vidas de forma cruel, pelo radicalismo de um pequeno grupo. Muitas famílias ficaram incompletas, e muitos filhos ficaram órfãos...nada justifica tanto ódio. Depois dos atentados de 11 de setembro, os EUA ficaram reféns do medo; e é bom lembrar que os EUA não é somente um presidente ou um grupo de líderes, são famílias de diferentes crenças e origens...o ocidente, de uma certa forma, também ficou refém do medo - tirando o Brasil, é claro!!! é uma excessão... - Inglaterra, Canadá, França, entre outros, passaram a ser alvos...até quando???
Rm 14:11-12 "Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, e toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus."

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Canadá está me dando frio na barriga...

Ontem eu estava pesquisando os preços das passagens pela Air Canadá e, de repente, enquanto eu colocava as possíveis datas de embarque, a minha "ficha caiu": só faltam 3 meses...3 meses pra nossa ida pro Canadá!!! tá muito em cima!!!! okay, contando setembro e alguns dias de janeiro, o tempo é um pouco maior; mas quando o cálculo é baseado nas contas mensais, o mês de setembro já passou e o de janeiro não vai existir, já que estaremos de partida; ou seja, só temos 3 meses pra resolver tudo...e ainda não fizemos nada!!!! nem dá pra acreditar...culpa do meu marido que deixa tudo pra última hora rsrsrsrs...
Depois que eu acabei de ver as passagens, fechei o meu laptop e fui fazer outras coisas, mas um pensamento ficou "martelando" na minha cabeça o dia todo, o tempo todo: em 3 meses você vai embora, em 3 meses você vai embora...
Talvez eu devesse estar pulando, gritando e cantando de alegria: em 3 meses eu vou embora hahahaha...eu vou pra Vancouver lá, lá, lá, lá, lá....mas comigo não está sendo tão fácil assim.
Eu sempre quis ir pro Canadá, e ainda quero muito ir, isto não mudou. Não pensem que estou desanimada, ou duvidando do direcionamento de Deus para as nossas vidas; eu tenho certeza que Deus tem um propósito pra gente lá, só que eu não consigo deixar de pensar na minha família que vai ficar, nos meus amigos, na minha igreja...quem viveu anos fora entende o que eu estou querendo dizer.
Por mais que a gente possa ir e vir, não dá pra estar no Brasil sempre, as passagens são muito caras; e com isto a gente vai perder nascimentos, casamentos, aniversários, natais, feriados, enfim, os albuns de família ficarão mais uma vez incompletos, pq a gente não vai estar nas fotos.
Um dos maiores medos que eu tinha enquanto eu vivia nos EUA era o de perder uma pessoa querida. Às vezes, na igreja, eu presenciava o sofrimento de pessoas que perdiam, de repente, um pai, uma mãe ou um parente querido; era de cortar o coração; era uma mistura de saudade com dór, uma coisa muito triste.
Certa vez, uma amiga minha recebeu a notícia, pelo Pastor da igreja, da morte de um filho que estava no Brasil; foi um dos momentos mais tristes que eu já presenciei, foi uma dór devastadora.
Deus teve misericordia de mim, quando eu voltei pro Brasil encontrei todos vivos e com saúde - graças a Deus - ainda pude desfrutar da presença de minha avó por 11meses. Tive o privilégio de estar com ela nos seus últimos dias de vida. Mas até hoje eu me pergunto: Como eu me sentiria se eu não tivesse voltado enquanto ela ainda estava viva?
Quem imigra tem que estar preparado pra tudo isto e mais...não é uma questão de ser pessimista ou realista demais, é uma questão de saber que nem sempre a vida vai ser um "conto de fadas".
Os dois primeiros anos em outro país, geralmente, são os mais difíceis. Uma minoria se organiza em menos de 1 ano, mas a grande maioria só depois dos 2 anos em diante. É quando já se tem um bom network, uma certa experiência de trabalho, já deu pra fazer alguns amigos, um curso, enfim, é quando as coisas começam a fluir.
Quando eu penso que vou deixar tudo pra trás e começar de novo, eu sinto um frio na barriga!!! sabe aquele frio que a gente sente antes de descer uma montanha russa??? é mais ou menos o que eu estou sentindo. Eu fico empolagada com a ideia de morar no Canadá, de conhecer outros lugares, de fazer novos amigos, mas, ao mesmo tempo, dá aquele friozinho na barriga por não saber o que me espera por lá.
Talvez eu esteja sentindo isto por já ter imigrado uma vez. Eu passei por muitos momentos difíceis nos EUA, outros de muita alegria e conquistas; tantas coisas aconteceram nos anos em que vivi lá, minha vida deu tantas voltas...eu posso dizer que valeu muito à pena a experiência, mas não foi fácil não.
Hoje tem duas coisas que me deixam balançada quando eu penso na partida: ficar longe da minha família e mudar de igreja. A primeira é óbvia: ninguém gosta de viver longe das pessoas que se ama; e eu, depois de anos morando fora, não queria perder a convivência da família novamente.
E a segunda é afinidade com a igreja: Eu lembro que quando eu cheguei dos EUA aqui em Pavão - uma cidade pequena no interior de MG - eu não imaginava o que Deus estava preparando pra mim. Nos primeiros dias eu estranhei muito, eu não estava acostumada a viver no interior; mas logo abri o meu coração pro que Deus tinha pra mim, e passei a gostar do lugar. Como cristã praticante, me apressei em procurar uma igreja, fui visitar uma batista. Eu sabia que dentro da igreja eu me sentiria mais em casa.
Hoje, depois de quase 2 anos, eu posso dizer que encontrei na Igreja Batista de Pavão - que é uma igreja missionária - uma família que me recebeu de braços abertos.
Mudar de igreja não vai ser fácil pra mim; vou ter que deixar pra trás os meus alunos da escola domical, o trabalho que tenho feito, às vezes, dando aula, outras, ministrando...eu vou sentir muita falta.
Mas eu garanto que, independente, de todos os desafios que eu possa vir a enfrentar nessa nova etapa da minha vida, eu ainda me considero uma privilegiada por ter finalizado o processo de obtenção de visto com sucesso. Eu enxergo o Canadá como mais uma porta que Deus está abrindo pra mim, pro meu esposo e pra minha filha; é mais uma oportunidade de aprendizado, de crescimento, de experiência de vida...eu não perderia uma oportunidade desta por nada...hum, quero dizer, quase nada rsrsrsrsr...pq se meu marido decidisse não ir, não tinha jeito, né??? rsrsrsrs...mas Deus é fiel e sabe de todas as coisas...
Mt6:34 "Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Toronto ou Vancouver? eis a questão...

Eu tive a oportunidade de trabalhar numa empresa canadense nos EUA por 4 anos; toda a direção da empresa e mais alguns funcionários eram canadenses de Montreal, onde estava a sede da empresa.
Com a convivência, eu fui conhecendo um pouco sobre o Canadá, afinal, 4 anos não são 4 dias; eu tive tempo de aprender um pouco sobre o país e sobre a cultura.
Um certo dia, eu lembro que eu estava numa reunião da igreja, e um amigo me mostrou alguns papeis que ele tinha nas mãos sobre o processo de imigração para o Canadá através do skilled workers. Ele me explicou sobre o processo e eu fiquei muito interessada e, a partir daquele momento, eu comecei a pesquisar sobre o assunto.
Eu vi que tinha chance de conseguir a residência, porém, como o Canadá não é um país tão comentado na mídia como os EUA e a Inglaterra, ficou difícil, pra mim, pensar numa província específica, numa cidade; e naquela época também não tinha a quantidade de blogs e foruns que tem hoje, que ajuda muito quem está pensando em imigrar, tira muitas dúvidas. Eu queria ir, mas não sabia pra onde.
Todos que trabalhavam comigo elogiavam muito o Canadá, mas faziam questão de dizer que era "muito frio", que era frio como morar no freezer da geladeira de casa rsrsrsrsrsrs...sem exagero!!!
Pra algumas pessoas o frio não é um problema, conseguem conviver bem com ele, e até gostam, ou acabam se adptando; mas eu sou baiana, acostumada com o sol, morei na Florida, que também é quente; faz um pouco de frio no fim do ano - já peguei uns 2 graus - mas nunca abaixo de zero.
O brasileiro, em geral, é conhecido por se adaptar facilmente em qualquer lugar. (Não é à toa que Quebec vem fazendo uma grande campanha no Brasil pra atrair novos imigrantes pra província) Como eu sou brasileira, eu tenho chance de me adptar rsrsrsrsrs...mas a dúvida persiste em me atormentar; principalmente, porque eu já tive uma experiência de 1 semana no frio "congelante" de 30 graus abaixo de zero, isso mesmo, sensação térmica de -30, e eu posso dizer que não foi fácil não.
Eu fiz uma viagem de carro com um grupo de amigos, do sul da Florida à New Hampshire. Foi uma viagem maravilhosa; saímos do calor e, quanto mais subíamos o país, o clima ia mudando; no começo era só um friozinho gostoso, mas depois o frio foi ficando mais intenso, começamos a ver um pouco de neve na beira da estrada, nas árvores - tudo muito bonito, cena de filme - depois começamos a ver neve nas casas, nos carros, e quando chegamos em New Hampshire, pensamos que tínhamos chegado em uma cidade de bonecas, a cidade toda estava coberta de neve, eu nunca tinha visto nada igual, era tudo muito lindo!!!
Comecei a tirar fotos, a admirar o lugar, mas como eu não estava com roupas apropriadas, o frio começou a incomodar e eu me refugiei no carro - com o aquecedor ligado, é claro!!! - e só saí pra entrar no ap da minha amiga. Ela me emprestou algumas roupas, nós saimos pra conhecer o lugar, pra tirar fotos, andamos sobre um lago congelado, tudo muito divertido; mas o melhor da viagem era saber que aquele frio era temporário, que eu ia voltar pra Florida rsrsrsrsrsr...
Nós decidimos fazer esta viagem meio que de repente, de uma hora pra outra resolvemos pegar a Sheyla, mulher do meu amigo Jr. que estava em New Hampshire. Fomos quase sem nenhum dinheiro; eu tinha $150 dólares - a rica da turma rsrsrsrs..., o Jr. tinha uns $100, mas como colocou gasolina e comprou algumas coisas, ficou com uns $40, e o Fernandinho com $2, isso mesmo, $2 dólares...a viagem prometia ser uma grande aventura.
A nossa ida foi bem tranquila, tudo saiu do jeito que tínhamos planejado, chegamos lá com um pouco mais de um dia de viagem; mas a volta...tudo que podia acontecer, aconteceu. Eu vou enumerar os fatos:
1- Quando estávamos deixando a cidade rumo à Florida, a neve empedrada da pista rasgou o pneu. Detalhe: o nosso pneu não era próprio pra neve.
2 - Resolvido o primeiro problema, partimos de volta pra casa; mas ao cruzar NY pegamos uma nevasca com ventos muito fortes que davam uma sensação térmica de -30 graus; o rosto queimava, os dedos dos pés pareciam congelar - como eu tinha medo que congelassem pra valer, eu parava nas lanchonetes, tirava as botas e dava uma conferida de vez em quando rsrsrrssss...- e, além de tudo, não conseguimos achar um hotel barato em Manhattan, os mais em conta estavam lotados, e nós "duros", com muito pouco dinheiro, tivemos que deixar a ilha pra procurar um lugar pra dormir na estrada. Até que achamos um motelzinho bem "espelunca" pra passarmos à noite. Como o mais ruinzinho lá, é um 3 estrelas no Brasil, então, a noite não foi das piores rsrsrsrsrs...
3- Ficamos mais um dia em NY esperando o clima melhorar pra continuar a viagem. Seguimos achando que as maiores emoções tinham ficado pra trás...nós não tínhamos ideia do que estava nos esperando.
Meu amigo Jr. é um excelente motorista, sabe dominar um carro, mas, até então, nunca tinha dirigido em pistas congeladas, ele não tinha noção de como um carro pode patinar, e nós, muito menos rsrsrsrs...ele estava dirigindo quando percebeu que ia perder um retorno, então, ele tentou reduzir o carro pra ver se ainda dava tempo de entrar...que loucura!!! o carro "patinou", ele perdeu o controle, o carro girou 360 graus equanto um caminhão, daqueles bem grandes, vinha atrás de nós. Sabe aqueles momentos que você passa em câmera lenta??? pois bem, enquanto o carro rodava na pista e nós víamos o paredão da estrada passar na nossa frente, ninguém abriu a boca, quando o carro parou e o caminhão passou, foi aquela gritaria "AAAAAAAHHHHHH!!!!!!!!!!!!!"...rsrsrsrsrsrs...Só tem uma explicação pra termos saído ilesos: Deus. Não foi nada além da proteção DEle; oramos antes de viajar, durante a viagem, e Ele nos livrou desta.
4- Quando íamos passar por Washington, as estradas foram bloqueadas pela, o que eles consideravam até então, a pior nevasca dos últimos tempos naquela região. Ficamos presos na estrada em um posto que tinha uma loja de conveniência; na verdade era um espaço com um Burger King, umas 2 outras lanchonetes menores, e uma lonjinha pra turistas. Não tínhamos dinheiro nem pro lanche; mas como Deus não desampara seus filhos...os funcionários do Burger King, nos ouvindo conversar em português, vieram falar com a gente; todos eram brasileiros em intercâmbio do tipo "work and study", e nos deram os lanches de graça...como Deus é bom!!!
Ficamos no posto, cansados, com sono, ouvindo a tv dizer que as autoridades não tinham previsão de liberar as estradas; ou seja, poderíamos ficar presos lá por dias, estávamos sem saber o que fazer. Mais uma vez Deus foi misericordioso conosco; liberaram as pistas no final do dia, e seguimos viagem...até que enfim!!!
Agora, voltando pra ideia central do post "Toronto ou Vancouver?": Como as pessoas que trabalhavam comigo eram de Montreal, e nunca me passou pela cabeça a possiblidade de ir pra lá - não que eu tenha nada contra, mas sendo o francês o primeiro idoma seria mais uma dificuldade pra enfrentar- me sobraram 2 opções: Toronto e Vancouver.
A primeira eu já tinha ouvido falar por ter uma comunidade brasileira grande. Eu até assisti há um tempo atrás, uma matéria no programa Planeta Brasil, da Globo Internacional, sobre a vida dos brasileiros que estavam residindo lá; e eles só tinham coisas boas pra contar.
Sem falar, que brasileiros que saem dos EUA pro Canadá, geralmente optam por Toronto, por ser próxima a NY; então, de vez em quando, eu escutava falar de pessoas que estavam indo pra lá; eles diziam que Toronto tinha mais oportunidades de trabalho, que a comunidade brasileira já era estabelecida, entre outras coisas. Alguns diziam que Toronto era quase uma NY em terras canadenses...só elogios ao lugar.
Mas eu me perguntava e ainda me pergunto: e o frio??? Sempre que se fala no frio de Toronto, os apaixonados pelo lugar fazem questão de dizer que não é tão ruim como parece; que as roupas ajudam bastante, que as casas têm aquecimento, que ninguém se expõe ao frio e etc...mas eu confesso que o frio muito intenso ainda me preocupa.
A minha segunda opção surgiu em uma conversa que eu tive com uma canadense que trabalhava comigo. Eu perguntei a ela qual era o lugar mais quente do Canadá, e ela me respondeu que era Vancouver; eu, prontamente, na maior animação, disse que, então, era pra lá que eu iria, e ela me disse com todas as letras: Vancouver é quente, porém chove muito, é conhecida como "raincouver", é um lugar lindo, mas o custo de vida é altíssimo, não é um lugar bom pra morar.
Depois desta conversa eu comecei a pesquisar sobre a região, mostrei muuuuitas fotos de Vancouver pro meu marido - que também não gosta muito do frio - e coloquei na minha cabeça que era a minha escolha.
Porém, cada dia que passa, e fica mais perto da nossa ida pro Canadá, eu me pergunto: será que Vancouver é a melhor opção pra gente???
Vancouver tem um clima ameno, é um lugar lindo, mas o que adianta tudo isso se não tiver trabalho??? Por outro lado, o mundo todo está em crise, ou seja, não importa pra onde vamos, de um jeito ou de outro, sentiremos reflexos da crise.
Há pouco tempo li no blog do Filipe(  http://dreamoncanada.blogspot.com/ ) uma matéria sobre a saturação de imigrantes em Toronto, sobre alguns projetos pra barrar o fluxo de novos imigrantes na região; o que demonstra claramente que, mais cedo ou mais tarde, emprego por lá não vai ser uma coisa tão fácil também.
Vancouver continua sendo a nossa primeira opção, mesmo com a chuva e com o custo de vida mais alto; inclusive já estamos olhando lugar pra ficar o primeiro mês. Mas como os nossos planos nem sempre são os planos de Deus, ainda continuamos orando e esperando no Senhor...até lá, tudo pode acontecer!!!
Pv16:1"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa vem dos lábios do Senhor."

sábado, 4 de setembro de 2010

Lágrimas da cura

Uma das melhores coisas de ter morado fora, é ter tido a oportunidade de fazer amigos que talvez eu nunca tivesse conhecido se tivesse ficado no Brasil.
Hoje eu conversei com uma amiga que está nos EUA; ela tem muitas história pra contar. Em meio as novidades e as risadas, nós relembramos e nos emocionamos com os momentos de superação que enfrentamos juntas com muita oração e poder de Deus.
Há menos de 2 anos, a vida dela deu uma grande reviravolta. Eu tinha acabado de retornar pro Brasil, quando recebi a notícia que ela tinha fraturado um osso da perna, que tinha sido levado ao hospital, e lá os médicos haviam levantado a possiblidade de ser um tumor.
Não havia muito tempo que nós tínhamos perdido um irmão da nossa igreja com câncer nos ossos; foi tudo muito rápido. A igreja tinha feito um churrasco no parque, o irmão Geraldo estava jogando bola quando sentiu uma dor na perna; esta dór foi piorando com o passar dos dias à ponto dele não conseguir trabalhar e nem se locomover direito pela casa. Fizeram muitos exames, mas os médicos não encontraram nada. Uma noite, a esposa dele teve um sonho, ela ouviu Deus pedir que ela o levasse para o Brasil, e assim ela fez. Eles seguiram para o Brasil, se eu não me engano, em 2 dias; assim que chegaram, logo no primeiro exame foi diagnosticado câncer nos ossos com possível metastase. A igreja toda entrou em propósito de oração pelo irmão, mesmo de longe, o nosso pastor o acompanhou, eu ligava costantemente pra orar com ele e com a sua esposa; me cortava o coração quando ele pedia que Deus desse a ele mais uma chance, que ele tivesse a oportunidade de ver o filho crescer, de se dedicar mais à igreja...mas só Deus sabe o tempo de cada um. Com, aproximadamente, 3 meses, o Senhor o recolheu. A igreja sentiu muito, era um obreiro dedicado em cumprir suas obrigações de diácono, estava sempre na porta nos recebendo com um belo sorriso no rosto; ele fez muita falta.
Por mais que saibamos que a morte faz parte da vida, a gente nunca está preparado pra enfrentá-la; a separação vem com dór, saudade, questionamentos...é sempre um momento muito difícil.
Quando eu soube que minha amiga havia concluído os exames, e que o Pastor tinha falado à igreja explicando que os médicos tinham dado a ela 3 meses de vida, porque o câncer já estava espalhado; eu fiquei completamente arrasada!!! mas, ao mesmo tempo, eu não podia me abalar e deixá-la passar por isto sozinha, então, eu liguei pra ela. Eu lembro que ela estava no hospital esperando por um exame; nós conversamos e ela me disse: Minha irmã, eu não estou com medo, a minha vida é do Senhor, e Ele tem poder pra me curar, tudo o que está acontecendo comigo é um propósito de Deus, mas eu sei que eu vou sair desta, para honra e glória do Senhor. Eu ainda vou dar testemunho do milagre que Deus vai operar em minha vida.
Eu, depois de ouvir estas palavras, orei com ela, nós choramos juntas, e assim que eu desliguei, eu fiz um compromisso com Deus: o de orar por ela até ela ser curada.
Ela voltou para o Brasil pra fazer o tratamento - o Brasil pode ter muitos defeitos, mas na medicina, no tratamento de câncer e de aids, não deixa a desejar pra nenhum lugar do mundo - e o marido dela ficou, ele precisava continuar trabalhando pra ajudá-la nas despesas.
Foram meses de oração, eu lutei muito contra as lembranças do irmão Geraldo, eu tinha medo que tivesse chegado a hora dela também, eu pedi muito a Deus que aumentasse a minha pouca fé, eu sabia que Deus podia operar um milagre na vida dela, mas a dúvida às vezes me perseguia.
Eu sempre ligava pra saber dela, algumas vezes nos falávamos pelo orkut, mas não perdíamos o contato. Tinha uma coisa que me alegrava muito: ela, mesmo fazendo tratamento, com uma rotina puxada de exames, não deixava de ir à igreja, continuava com a mesma fé em Deus...é impressionante, pessoas que realmente conhecem a Deus, podem até "envergar", mas não "quebram", renascem das cinzas, porque confiam no Senhor. Salmo 125:1"Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se abala, mas permanece para sempre."
Em uma das vezes que nos falamos, ela me contou, muito alegre, que tinha feito alguns exames, e que os médicos não entenderam, mas não havia mais sinal de câncer no corpo dela...Glória a Deus!!!! nós choramos juntas, glorificamos a Deus, eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo, era bênção demais!!!
Os médicos fizeram todos os exames possíveis, e não encontraram nada; Deus havia operado o milagre. Em pouco tempo ela foi liberada pra regressar para os EUA, e Deus cumpriu mais uma promessa na vida dela: ela entrou no país sem problema nenhum.
Os EUA está enfrentando uma crise econômica muito forte, está faltando trabalho, as coisas estão difíceis, principalmente para os imigrantes, tem muita gente reclamando, murmurando, mas ainda assim, esta minha amiga, enquanto conversava comigo hoje, não parava de exaltar o Deus das nossas vidas; as lágrimas rolavam, mas eram lágrimas de quem conhece o Deus que serve, de quem sabe esperar NEle.
Nesta minha caminhada cristã, eu tenho aprendido, por experiência própria, e por participar da experiência de outros, que o meu Deus é poderoso pra operar milagres, pra fazer o impossível acontecer, Ele pode curar, Ele pode salvar, ressuscitar mortos; mas, acima de tudo, Ele é o Senhor, a última palavra é DEle. Não é à toa que Jesus orando disse ao Senhor em Lucas 22:42 ''...Pai, se possível, afasta de mim este cálice, MAS QUE SEJA FEITA A TUA VONTADE." 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma cearense na Holanda

Hoje eu conversei com uma amiga que está na Holanda há, aproximadamente, um mês. Nos falamos pelo skype por uns 40 minutos, deu quase pra colocar o papo em dia, eu disse "quase" rsrsrsrs...a gente tinha tanta novidade pra contar uma pra outra, que um assunto foi puxando outro, e depois mais outro; e eu não tinha vontade de desligar. Demos muuuuuitas risadas relembrando as nossas histórias nos EUA!!!
Só que, no melhor da conversa, eu tive que desligar o skype pra dar comida à minha filha; ela já estava "plantada" do meu lado falando o tempo todo "mamãe, papá", "mamãe, fome", não teve jeito de fazê-la esperar mais um pouco rsrsrsrs...fazer o quê???ofícios de mãe rsrsrsrs...
Esta minha amiga morou duas vezes nos EUA como imigrante; eu a conheci, mais ou menos, em 2002, na primeira vez. Nós frequentávamos a mesma igreja, e eu me identifiquei muito com o jeito dela "sincero" de ser rsrsrsrs...ela é do tipo que fala tudo na "lata", e como eu também não sou a meiguisse em pessoa, deu tudo certo rsrsrsrs... e tem outra: ela é nordestina como eu, ela é cearense e eu baiana, tudo em casa rsrsrsrs...
Eu lembro que logo depois do meu casamento, em 2004, ela decidiu voltar pro Brasil com o marido e as duas filhas; eu e muitas outras pessoas a alertamos sobre o que ela poderia enfrentar caso não se adaptasse lá; mas ela, além de uma pessoa maravilhosa, é muuuuito cabeça-dura, é a teimosia em pessoa, não tem igual, só perde pro meu marido rsrsrsrsrs...ela bateu o pé que iria, e foi mesmo. No dia que ela embarcou eu sonhei com ela voltando, eu tinha certeza que, mais cedo ou mais tarde, ela ia voltar pra Florida.
Ela me ligou assim que chegou em Fortaleza, e eu não perdi tempo, contei logo o sonho que eu tinha tido, disse com todas as letras que ela não ia ficar muito tempo lá pq Deus a levaria de volta para os EUA.
(Eu não sou profeta não rsrsrsrsr, mas, às vezes, eu tenho uns sonhos de Deus.)
Ela, como sempre, meio "Tomé", tem que ver para crer, não deu muita confiança; eu voltei pra minha vida de recém-casada, e ela, pra nova vida no Brasil. Em pouco tempo as coisas foram ficando cada vez mais complicadas pra ela: ela se separou do marido, não conseguiu um emprego de verdade, não se adaptou em nenhuma igreja e etc.
Como eu continuava acreditando que ela voltaria para os EUA, de vez em quando, eu ligava pra saber como ela estava, e as notícias quase nunca eram boas; até o dia em que ela me disse que estava pensando em voltar....eu sabia!!!!
Pois bem, ela voltou, começou a trabalhar, se encaixou perfeitamente na igreja, as coisas começaram a andar, estava tudo indo bem, dentro do possível da realidade de uma mãe solteira com duas filhas.
E, então, chegou a minha vez de voltar pro Brasil; eu e o meu marido sentimos que era hora de voltar.
Voltamos pro Brasil em 2008, minha amiga ficou, mas mantivemos contato constantemente, pelo telefone - ela ligando é claro!!! pq aqui no Brasil telefone é uma fortuna - pelo orkut, por email; nos falávamos direto. Um belo dia, ela me contou que a irmã dela, que é casada com um holandês e mora em Amsterdam, tinha convidado ela pra morar lá. A partir daí, ela começou a orar sobre isto, conversou com o Pastor, teve aconselhamento, e eu comecei a interceder por ela. Foram meses orando, buscando de Deus, até que o Senhor começou a direcioná-la pra Europa. No começo, ela relutou bastante com a possibilidade de imigrar de novo, sempre na esperança de que Deus pudesse mudar de ideia rsrsrsrsrs...não adiantou, ela, como serva do Senhor, entendeu que era hora de mudar novamente...finalmente!!!!demorou mas entendeu rsrsrsrsrs...
Uma das coisas mais interessante em conhecer Deus, é entender que os planos DEle nem sempre são os nossos, que o que nós vemos com a nossa limitação humana, não é o que Deus vê, e que os caminhos DEle são sempre os melhores para as nossas vidas.
Minha amiga não queria ir, mas Deus a enviou pra Holanda pra começar uma nova vida.
Nos falamos logo que ela chegou lá, e ela estava um pouco triste; conversei com ela, orei, enviei algumas mensagens, mas fiquei bem preocupada. Eu analisei a situação, me coloquei no lugar dela, e entendi o que ela estava sentindo. Ela estava começando do "zero" em um outro país, tinha deixado pra trás amigos, família, uma história, era muita pressão pra contornar em tão pouco tempo.
Porém, como as nossas orações não são vãs no Senhor, Ele as ouve e responde, Ele moveu "as águas" em favor dela. Hoje, quando nos falamos, ela já estava uma outra pessoa, muito mais alegre, confiante, animada, cheia de histórias pra contar...nossa, que maravilha!!! eu fiquei tão feliz...
Eu perguntei como ela estava se virando pra trabalhar, se comunicar, locomover, e ela foi contando as peripécias de uma cearense na Holanda rsrsrsrsrs:
1- IDIOMA: Como lá quase ninguém fala português, muito menos com sotaque de cearense rsrsrsrs...ela tem que se virar com, pelo menos, um dos três idiomas mais falados no país: o holandês, o dutch e o inglês.
Segundo ela, o inglês dela é horrível; eu considero que ela fale um inglês razoavel, ela entende, fala coisas do dia-a-dia, se vira bem...mas a verdade é uma só: dos três idiomas ela tem que falar um, como ela só fala o inglês, horrível ou não, ou ela fala ou fala, não tem outro jeito rsrsrsrsrs...
2- TRABALHO: É na faxina mesmo. Por enquanto, não dá pra pensar em uma coisa melhor. Recém chegada, sem diploma local, sem idioma fluente...é só Deus na causa!!!como eu creio que pra Ele nada é impossível, quem sabe, em breve, a vida dela não dá uma guinada???eu creio num Deus de milagres rsrsrs...
3- LOCOMOÇÃO: Segundo ela, grande parte da população anda de bicicleta, ela chegou a ver engarrafamento de bicicletas...isso mesmo, de bicicletas!!! o povo lá é do tipo "politicamento correto", pedalar faz bem pra saúde, pro meio ambiente, melhora o trânsito, entre outras coisas.
Ontem ela pedalou por uma hora até o trabalho, ela me disse que quando chegou em casa, tudo doía:  nádegas, pernas, braços, tudo. Eu achei, pelo que vi na câmera, que ela já deu uma boa emagrecida; até eu estou pensando em mudar pra lá, quem sabe assim eu não perco uns quilinhos???rsrsrsrssrs....brincadeirinha!!!!
A meta dela agora é encostar a bicicleta e andar de ônibus, pq carro ainda vai demorar um pouco pra chegar rsrsrsrs...
Não dá pra contar tudo o que ela está vivendo na Holanda, pq são muitas emoções!!! rsrsrsrs...mas quem já imigrou sabe bem o que ela está passando; e aqueles que querem imigrar, devem se preparar pra experimentar coisas do tipo.
Pra encerrar, eu quero dizer que Deus tem promessas para todos que NEle esperam, seja na Holanda, no Brasil, no Canadá, na China ou Japão, em qualquer lugar, Deus continua sendo Deus.
Salmo de número 128:1-2 "Bem aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos! Do trabalho de suas mãos comerás, feliz serás, e TUDO TE IRÁ BEM."

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A realidade que atormenta

Eu tenho evitado assistir jornais ou programas muito sensacionalistas que explorem a violência dos dias de hoje; não é que eu queira fugir da realidade, mas é uma forma que eu encontrei pra não tornar o meu dia pesado. A maioria das notícias são tão ruins, tão chocantes que, por mais que eu não queira me envolver, eu me envolvo; não tem como ser completamente indiferente ao sofrimento alheio. Eu não consigo ver assassinatos, sequestros, extermínios, pessoas em pânico no meio de tiroteio, e desligar a tv como se nada tivesse acontecido; fica sempre uma angústia, um estresse, porque eu acabo me colocando no lugar das vítimas. É difícil dormir sem lembrar, nem que seja por instante, a imagem das famílias enlutadas, chorando a morte de mais um inocente.
E a degradação humana que é mostrada constantemente pelos canais de tv??? a gente se depara, quase todos os dias, com pais que torturam filhos, com filhos que matam pais, com crianças e jovens usando cada vez mais crack, com bebês sendo abandonados dentro de caixas, no lixo, jogados no rio...é fim de mundo!!!
A bíblia nos ensina em Mt24:12 "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos." E é o que tem acontecido...
E a impunidade??? a pior parte disto tudo é conviver com ela, é saber que, independente do crime cometido, as leis beneficiam mais aos criminosos do que às vítimas.
Evitar assistir tv e saber de todas estas coisas ruins, pode até me preservar emocionalmente, mas não muda, em nada, a realidade que me cerca; infelizmente, de uma forma ou de outra, a gente acaba tendo que encarar o lado "podre" da vida. É por isto, que muita gente tem tentado uma vida melhor em países como os EUA, o Canadá, entre outros; são lugares menos violentos e mais justos, de uma forma geral.
Eu lembro quando minha amiga Sheyla, que é carioca, com poucos dias de EUA, foi comigo pegar minha prima no trabalho; e eu estava com os vidros abertos - meu primeiro carro não tinha ac rsrsrsrs- e ela comentou suspirando: Ai,como é bom poder andar de noite, de carro com os vidros abertos, dá uma sensação de liberdade...
Eu percebi, pelas palavras dela, pela forma com que ela falou, que ela estava se sentindo bem por não estar com medo, um sentimento que a acompanhava diariamente nas ruas do Rio de Janeiro. Ela já tinha sido vítima da violência, o marido dela teve até uma arma apontada pra cabeça dele, sem falar nos amigos, colegas, pessoas próximas, que sempre tinham uma história de terror pra contar...aí você pode estar pensando "só podia ser no Rio, né???" Mas eu não acho justo associar à violência somente ao Rio, não é só no Rio que tem traficantes e bandidos, a violência está em todo lugar. Com 16 anos eu fui assaltada pela primeira vez em Salvador; eu posso dizer que é uma coisa horrível, eu senti muito medo, uma vontade enorme de desaparecer; e depois do assalto, uma sensação ruim de agressão, mesmo não tendo sido agredida fisicamente, porque o meu emocional foi violentado. E a gente nunca sabe a reação que vai ter numa situação como esta; por mais que eu soubesse que não deveria reagir, eu não me controlei e desafiei os deliquentes e, assim como eu, muitas pessoas acabam encarando o perigo de frente, por um descontrole emocional, aumentando as chances de que algo pior aconteça.
Nos EUA também tinha violência e perigo, como hoje ainda tem, principalmente, nos grande centros; nenhum lugar do mundo é 100% seguro, livre das injustiças sociais. Mas lá, eu sentia o perigo em proporção muito menor do que no Brasil. Com certeza, um dos principais motivos que eu tenho de ter gostado de morar na Florida, e agora querer ir pro Canadá, é o de ter de volta uma vida mais tranquila e livre dos medos urbanos.
Na tv, às vezes, era noticiado um ou outro caso mais sério de violência, mas no dia-a-dia parecia que eu estava em outro mundo, eu não ouvia falar, nas conversas entre amigos ou na igreja, de ninguém próximo que tivesse sido roubado, sequestrado, ou coisa do tipo; tudo que se comentava de violência era do que passava nos canais brasileiros.
Quem mora fora do Brasil por muito tempo, em países mais seguros, é claro - como foi o meu caso e de muitos amigos meus - fica tão fora da realidade, que acaba acreditando que tudo o que passa nos canais brasileiros acontece o tempo todo, em todas as cidades do país.
Quando nós voltamos pro Brasil há 2 anos atrás, viemos com a impressão que tínhamos do que víamos na tv, ou seja, a impressão de que o Brasil vive quase uma guerra civil rsrsrss...viemos com muito medo de andar nas ruas, de sair à noite, estávamos muito desconfiados, sempre em alerta, como se alguma coisa fosse acontecer a qualquer instante; super paranoicos!!!! e um belo dia, acho que foi no segundo dia em Salvador, eu e meu marido estávamos no banco de trás do carro de minha mãe, quando, de repente, um rapaz se aproximou pra lavar os vidros do carro - e eles se aproximam mesmo sem permissão - e o meu marido, depois de 21 anos de EUA, não sabia que existia este tipo de coisa, ele só viu o rapaz vindo rápido com alguma coisa na mão, e só isto foi suficiente pra deixá-lo assustado; ele se abaixou rapidamente, com as mãos pra cima, tentando se proteger do rapaz rsrsrsrs, e eu, sem entender nada, perguntei o que estava acontecendo; foi então, que ele me explicou que quando viu o rapaz vindo com alguma coisa grande na mão, ele deduziu que fosse um martelo pra quebrar os vidros do carro... isso mesmo, ele confundiu o rodo usado pra lavar vidros com um martelo rsrsrsrs... É engraçado porque o pânico dele não tinha fundamento, mas eu fico pensando nas pessoas que realmente têm motivos pra viver com medo, como que não deve ser ruim...
Tem muita gente que está abrindo mão de uma vida estável no Brasil, pra começar tudo de novo em um outro lugar mais seguro, porque não aguentam mais viver com medo, estão buscando uma oportunidade de mudar de país, de realidade, de fugir da violência, e viver com um pouco mais de paz.
Eu acredito que todo mundo tem o direito de buscar uma vida melhor, mas acima de qualquer coisa, nós temos que saber que o melhor lugar pra se estar é no centro da vontade de Deus, porque com as mãos DEle sobre as nossas vidas, não tem perigo que nos alcance, mal que prevaleça.
O medo não é um sentimento saudável para o homem, ele traz tormento; Deus nos ensina a vencer o medo e a confiar mais NEele. Por pior que seja a realidade e, por mais ameaças que possamos ter, Deus continua no controle de todas as coisas, e Ele nos diz em Isaías 41:10"Não temas, porque Eu sou contigo, não te assombres, porque Eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustendo com a minha destra fiel."

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O amor que nos une...

Hoje de madrugada, meu marido voltou pra Belo Horizonte. Há alguns meses, ele abriu um pequeno negócio de revitalização de carros - a especialidade dele é em carros importados - e, por isso, ele fica lá, e a cada 2 semanas ele vem nos ver. Ele não nos levou pra BH porque os nossos vistos de residente pro Canadá chegaram antes dele alugar um ap - graças a Deus!!!! rsrsrsrs - e, mesmo que ele não tenha decidido ainda se vamos definitivamente ou não pro Canadá, nós temos que ir pra não perder a residência, e temos que ficar até receber o PR Card - o cartão de residente - o que pode levar mais de 40 dias; então, ele chegou a conclusão que era melhor não alugar nada, por enquanto, ir pro Canadá primeiro, e só depois decidir...eu adorei!!!! quero dizer, em parte rsrsrsrs...eu gostei dele não ter alugado um ap porque a minha torcida é pra irmos pro Canadá, e caso ele alugasse, teria que fazer contrato, levar mudança, eu e minha filha teríamos que nos adaptar a uma nova vizinhança, uma nova igreja, sendo que o Canadá é uma opção forte. Por outro lado, essa vida de casados em casas separadas, não me agrada nem um pouco; eu sei que hoje muitos casais estão buscando alternativas pra viver melhor, como casas separadas, quartos separados e etc, mas não é o nosso caso. Nós nunca tínhamos ficado distantes tantas vezes em tão pouco tempo, sempre fomos muuuuuito "colados"!!! Desde que casamos vivemos "grudados", não por ciúme, posse, ou coisa do tipo, é por amizade, cumplicidade, por prazer mesmo.
É verdade que um pouco antes dele ir pra BH, tivemos alguns desentendimentos por conta da decisão de abrir um negócio, da possibilidade de mudança, da insistência dele em ficar no Brasil, e da minha de imigrar novamente; mas o amor que nos une é muito mais forte do que as diferenças que tentam nos separar, e a partida dele pra BH foi péssima pra gente.
Atualmente, os casais se separam com a facilidade que trocam de casa, de emprego, às vezes, de roupa; é só enfrentarem a primeira tempestade, que chegam a conclusão de que não vale mais à pena ficarem juntos. Até mesmo dentro das igrejas, as pessoas não estão buscando de Deus a superação de suas crises, e buscam no conselho de amigos, colegas, familiares, a ajuda que não encontrarão.
Eu costumo dizer que a separação não é a melhor solução, primeiro porque mudar de mulher ou de marido é mudar de problemas, depois que passar a fase do namoro, da lua-de-mel, que vier a rotina, filhos, os problemas aparecerão naturalmente; o melhor é encarar os desafios da vida de casado de frente, e sair das tempestades mais fortalecidos, e com o amor mais forte.
Eu leio muitas matérias de psicólogos falando sobre o impacto da separação no emocional dos casais e dos filhos, a maioria defendendo que hoje, devido a banalização do divórcio, as crianças superam a separação dos pais com mais facilidade, desde que a separação seja amigável; eu até concordo, mas acredito, que mesmo assim, elas sofrem muito, e tem uma chance grande de crescerem com sequelas emocionais. Filhos precisam das referências do pai e da mãe, da segurança de um lar, de se sentirem amados e protegidos.
Eu tenho uma filha de 2 anos e 5 meses, ela é um fruto muito desejado de um casal que se ama, que se respeita; eu penso que ela está crescendo em um ambiente saudável para o seu desenvolvimento emocional, e eu tenho visto o quanto a distância do pai a tem afetado, ela tem sofrido muito. Cada vez que meu marido viaja, ela sofre, fica agressiva, pergunta por ele, cada carro que chega, ou cada vez que abrem o portão, ela pergunta se não é ele que está chegando...é de partir o coração. E quando ele chega??? geralmente é pela manhã bem cedo, e ela ainda está dormindo, quando ela acorda e o vê, os olhinhos dela brilham, ela toca no rosto dele só pra ter certeza que não é um sonho, ela o beija, o cheira, o abraça, e depois, com uma voz bem doce, pergunta: papai, presente??? Ela não esquece do presente prometido todas as vezes que ele viaja, foi a forma que encontramos de amenizar um pouco a saudade. Nós conversamos, explicamos que o papai vai trabalhar e vai voltar, eu a coloco pra falar com ele no telefone, mas o presente tem que vir, ela cobra mesmo, pela idade, ela não liga com o que vai ganhar, mas ela quer ganhar; do jeito que as coisas andam, eu vou ter que fazer um quarto só para os brinquedos dela rsrsrsrs...
Mas não é só a minha filha que sofre, eu também; eu sinto falta dos pés dele encostados nos meu quando vou dormir, sinto falta do cheiro dele, das conversas, das risadas, do abraço, dos beijos...sinto falta de tudo rsrsrsrs...até da bagunça que ele faz no banheiro, e olha que ele é bem desorganizado rsrsrsrs...
Pra ele também não tem sido fácil, talvez até mais difícil do que pra mim, porque ele tem saudade de mim e da nossa filha; têm vezes que o telefone toca de madrugada, eu acordo assustada pra atender, e quando eu vejo é ele querendo conversar comigo, dizendo que não vê a hora de nos ver, que me ama, que ele não sabe o que seria dele se não me tivesse e etc.
Mas, apesar de todo lado negativo que estou descrevendo, tem uma coisa que eu estou achando bem legal: quando ele chega a saudade é tão grande, que vivemos os dias mais intensamente, além de marido e mulher, somos namorados rsrsrsrs...é muito bom!!!
A bíblia nos ensina em 1Coríntios13:7 "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."
Se tem o amor de Deus no relacionamento, na família, não tem conflito que não seja resolvido, crise que não seja superada, tempestade que não passe. Porque o amor de Deus espera, suporta, crê, e sofre, mas sofre sabendo que com Jesus no barco, não tem tempestade que não passe.