Quando o céu fica cinza...

Ontem o dia foi muito bom. Comecei o dia dando aula na EBD, e foram momentos muito gratificantes, os jovens estavam participando bem, eu senti que a aula fluiu. Depois fui pra casa, meu momento de mãe: brincar, dar atenção, colocar almoço e etc. Assim que minha filha dormiu, fui organizar a palavra do culto, as letras do louvor, videos e coisas do tipo. Quando eu pensei que ia poder descansar um pouco, chegaram alguns jovens pra conversar comigo, aí minha filha acordou e tive que me dobrar, literalmente, rsrsrsrsrsrs...mas tudo valeu à pena porque o culto de noite foi maravilhoso!!! muitas pessoas foram "tocadas", inclusive eu, a igreja estava cheia, tinha muitos visitantes, sentimos o fluir do Espírito Santo em nosso meio...É muito bom ter fé, confiar em um Deus invisível, porém, real, intocável, mas presente.  

Cheguei em casa "morrendo de fome", fui logo pra cozinha e quando eu pensei que ia dar a primeira mordida no meu sanduiche de atum, o telefone tocou, era meu marido que já tinha chegado a BH. Pelo "alô" eu já percebi que ele não estava bem; ele me disse que estava arrasado por ter deixado seus avós - já bem idosos - seus tios, alguns primos e parentes no Pará, sem saber quando voltará a vê-los.

Meu marido foi ao Pará se despedir dos avós e de uma parte da família que vive lá, porque em janeiro estaremos partindo de mudança pra Vancouver. Ele não quis que eu o acompanhasse por ser uma viagem cansativa, e por ele ter ido pra ficar hospedado em uma fazenda, onde tem risco de malária, ele ficou preocupado com a nossa filha...a última coisa que queremos agora, prestes a viajar, é enfrentar qualquer tipo de doença...nem pensar!!!!

A chegada ao Pará foi de muuuuita alegria, muitas lágrimas, abraços - a família do meu esposo é bem acolhedora e amorosa - enfim, muitas emoções...e a despedida, segundo ele me relatou, foi triste, ele deixou os avós aos prantos.

Os avós dele já passaram dos noventa e, nesses casos, nós sabemos que Deus pode fazê-los chegar aos 100, como também pode levá-los a qualquer hora. Depois dos 90, todo dia passa a ser um acréscimo...e, pra nós que estamos ainda jovens - ok, nem tão jovens assim, mas não idosos tb rsrsrsrs... - fica aquela vontade de curtir cada momento.

As nossas emoções afloram muito em relação a família quando pensamos que estamos mudando de país, e que não vai dar pra curtir as pessoas amadas com a mesma frequência que teríamos se só mudássemos de cidade.

Eu posso falar sobre isto porque morei anos nos EUA, anos sem ver a minha avó. Eu ligava todos os dias pro Brasil, a saudade era enorme, ela contava os dias pra me ver, eu sonhava com o nosso encontro... Quando cheguei nos curtimos muito, conversamos bastante, eu a abraçava e beijava toda hora, a todo instante eu falava que a amava, ela me deu muitos presentes, parecia até que sabia que estavamos curtindo os últimos momentos dela aqui. Um ano depois da minha chegada ela se foi, aos 95 anos Deus a recolheu...sou muito grata ao meu Deus por ter me proporcionado momentos maravilhosos ao lado de minha avó, nem todos que moram em outros países tem o mesmo privilégio. Deus esperou que eu voltasse pra me despedir dela; até hoje eu penso se eu não estivesse ao lado dela na hora do adeus, como eu me sentiria???

Talvez algumas pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de ser imigrante, achem que eu sou muito sensível, exagerada, que é só pegar um avião e pronto; mas as coisas lá fora não são tão faceis assim, principalmente no começo. As despesas altas, emprego novo, passagens aéras caríssimas - principalmente pra Vancouver - escola das crianças, compromissos...Canadá - Brasil não é Salvador - Sergipe, pode pergutar pra quem vive lá, com quanta freuqência costumam vir ao Brasil, geralmente uma vez por ano e olhe lá, tem gente que vem de dois em dois anos...em um ano muita coisa acontece e muda, imaginem eu dois anos, em três...não é fácil não!!!

Depois que eu conversei com meu marido fiquei um pouco triste, meio deprê, meu céu ficou cinza...acho que me coloquei no lugar dele, lembrei da morte de minha avó, toda a situação me fez pensar no passo que estamos dando. Eu tenho certeza que estamos sendo direcionados por Deus, nem de longe tenho dúvidas; e estou muito feliz por ter a oportunidade de imigrar pra um país tão bonito quanto o Canadá; só que o lado difícil também vem no pacote, a saudade está incluída no nosso processo.
"Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; por isto que Ele está à minha direita, nunca vacilarei. Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura...far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente." Sl16:8-11

Sobre o noivo de minha prima, o da postagem "Coisas da vida", pois é, o tumor que foi retirado era mesmo maligno; a boa notícia é que, como o tumor  foi totalmente retirado, então, o noivo de minha prima não precisará de quimioterapia pra se tratar, terá que fazer radioterapia pra evitar que o tumor retorne...dos males o menor...que Deus continue abênçoando esse jovem.