"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nada como um dia após o outro

Amigos, hoje o dia foi bem mais tranquilo!!! graças a Deus, as coisas fluiram normalmente; foi um dia calmo. Ontem eu me senti tão estressada que eu cheguei a cogitar passar alguns dias em Pavão, perto da minha igreja; pelo menos, pra descansar a minha cabeça. Infelizmente, na mesma hora, eu tive que reconsiderar por "n" fatores, como por exemplo: minha filha está na escola, eu tenho acompanhamento semanal com o cirurgião plástico, eu teria que ter alguém pra me ajudar com a comida e o trabalho doméstico, enfim, realmente não seria uma boa ideia agora.
Analisando o dia de ontem e o meu nível de estresse dá pra perceber que foi um daqueles momentos que vc junta tudo e já não consegue se controlar. São mais de 2 meses longe do maridão, correndo atrás de médicos, exames; esperando resultados; com a vida, praticamente, em stand by; sem igreja, sem ministério... parece que está tudo fora do lugar, sabe??? Mas ainda bem que eu procuro olhar as coisas com os "olhos espirituais", ou seja, além de como elas se apresentam pra mim.
Humanamente eu posso até pensar que está tudo dando errado, porém, buscando o direcionamento de Deus, eu consigo ver que há um propósito em tudo o que está acontecendo comigo. Um exemplo próximo a mim é o de minha prima que está noiva de um rapaz em tratamento de câncer cerebral. Eu e ele trocamos experiências, tivemos uma conversa tão agradável no dia do meu aniversário... Ele  não conversa sobre o câncer com ninguém, mas se sentiu à vontade de se abrir comigo; talvez  por acreditar que eu o entenderia melhor do que qualquer pessoa. Não sei se ele está certo, mas eu o entendo perfeitamente. Veja só: é fácil vc falar pra alguém ter fé, ter coragem, ser forte em momentos de dór, de perdas, de sofrimento quando vc mesmo nunca passou por nada disso. Agora quando vc sabe o que o outro está passando, por ter tido experiência semelhante, automaticamente, o que vc diz vem cheio de verdade.
Eu tenho certeza que os momentos difíceis que eu e o meu marido estamos enfrentando nos unirá mais, nos tornará mais humanos, mais aquebrantados diante de Deus, e poderá ser uma forma de ajudar pessoas que estejam em situação semelhante... Nada é por acaso.
Vcs já devem ter planejado alguma coisa que deu errado e, tempos depois, vcs olharam pra trás e deram graças a Deus pelo livramento, não já??? Às vezes coisas "ruins", aos nossos olhos, acontecem, pra que tomemos um novo direcionamento; na hora a gente não entende, questiona, chega até a brigar com Deus, porém, basta o tempo passar pra entendermos que Deus estava no controle de tudo. É assim que eu quero ver as coisas; mesmo sem entender eu acredito nos propósitos e no direcionamento de Deus pra minha vida.
Olhe pra vc agora, pra tudo o que vc está enfrentando, e pense em quantas vezes vc achou que não tinha jeito e teve. Reflita sobre os desafios que vc já teve que enfrentar e as vitórias que vc já teve. Tente ouvir a voz de Deus que fala no seu coração palavras que trazem paz e força, pra não vc não desistir.
Uma notícia boa: Comprei uma webcam e caixas de som pro desktop do meu quarto - menos um problema!!! - e já usei pra conversar com o meu amor, é claro!!! rsrsrsrsrsrsr... Minha filha amou ver o pai, conversou com ele até pegar no sono... ela fica tão feliz em falar com ele que contagia a gente com as gargalhadas; não tem como não se emocionar... e ele fica babando!!!
Sl30:5 "... O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã."

domingo, 3 de abril de 2011

Hoje eu me estressei...

Não sei se vcs lembram, mas assim que cheguei em Salvador pra me tratar o meu computador morreu... fiquei arrasada!!! Pois bem, como tenho esperança de não passar pela quimioterapia e voltar em breve pra Vancouver, não comprei um novo... e tb os computadores aqui não têm a mesma qualidade de lá fora e custam o triplo do preço; não compensa pra quem vive no Canadá.
Estes dois meses que estou morando aqui eu estava usando o lap de minha mãe - mesmo ela contrariada - principalmente pra falar com o meu marido e os meus amigos ao redor do mundo pelo skype. Estava tudo indo bem até a tela do computador pifar - que azar!!! - e minha mãe saber que o conserto foi orçado em R$400... imaginem o estresse!!!
Ok, mandamos pro técnico e eu fiquei usando o lap do meu sobrinho de 10 anos pra conversar pelo skype; ele está proibido de usá-lo por estar de castigo, andou aprontando na escola. Tem pouca memória, é lento, mas tem câmera, então, quebra o meu galho.
Estava tudo indo bem até hoje à noite quando eu peguei o meu sobrinho na mentira e chamei a atenção dele. A "doçurinha" mudou a senha do lap pra eu não entrar, dá pra acreditar???
Olha, avó que cria neto não educa, deseduca. Minha mãe cria o meu sobrinho como filho, mas como o caçulinha, cheio de mimos, sabe??? Ele faz o que quer e do jeito que quer... Eu olho pra situação e só penso na minha filha... eu nunca quis filho único com medo de ficar mimado, mal-educado e cheio de vontades, mas a minha vida está tomando um rumo que eu não sei se eu vou ter mais filhos; primeiro pq depois de tantos problemas, meu marido já não quer mais; segundo pq eu acho que precisamos de um tempo, como casal, pra nos curtir mais, e um baby dificulta isto.
Eu não sou o tipo de mãe bobona que passa a mão na cabeça de filho, muito pelo contrário, deixo  as pessoas reclamarem com minha filha sempre que ela merece, e até prefiro que reclamem com ela agora, pro mundo não educá-la mais tarde à força, mas confesso que estou meio em dúvida de como agir no atual momento. Não quero jogar muito pesado pq eu sei que ela está sentindo muito a falta do pai e passando por muitas mudanças em pouco tempo; tb não quero ser mole demais pq ela monta; enfim, não está sendo nada fácil pra mim lidar com tantas coisas. Tem hora que eu me estresso mesmo, tenho vontade de ir embora, mesmo que seja pra Pavão rsrsrsrsrs; só que aí eu penso que não dá pra fazer nada no calor das emoções; tenho que esperar o resultado dos exames e agir com tranquilidade, mesmo pq o PR de minha filha não chegou, talvez eu tenha que tirar um visto pra ela... Tá vendo aí gente??? probleminhas, problemões, não tem pra onde correr, todo mundo tem!!! "Rapadura é doce mas não é mole não"!!!! rsrsrsrssrsrsr...
Voltando ao meu sobrinho, minha mãe o obrigou a me dar a senha, porém, eu já estava tão estressada que nem quis; decidi não usar o computador dele... E o pior vcs não sabem, no meio de todo o estresse, meu marido ligou e o telefone ficou mudo, eu não conseguia ouvi-lo, porém, como eu suspeitei que era ele, liguei de volta; ele estava morrendo de saudades, doido pra ver a filha, e eu tive de dizer que não ia dar; ele ficou muuuuuito chateado... Nossa, como é ruim depender das coisas dos outros!!!
Pensei em sair e comprar um computador pra mim amanhã mesmo mas, pensando melhor, decidi esperar até o  resultado do meu exame sair. O laboratório disse que envia o resultado em aproximadamente 10 dias; contando com alguns dias extras, eu acho que em 20 dias eu fico sabendo se vou precisar ou não de quimio; caso não precise, já posso me organizar pra ir embora e comprar o meu lap em Vancouver... vou esperar, não tem jeito...
Tem um desktop no quarto que eu durmo, é nele que estou escrevendo agora, mas não tem câmera e nem microfone. Meu marido quer que eu compre uma câmera, mas aí eu penso que em 2 semanas eu já posso estar liberada pra ir embora... vou pesquisar os preços pra ver se compensa.
Gente, este post foi mais um desabafo do que qualquer coisa rsrsrsrsr... fiquei até mais calma...

Todo mundo passa por problemas

Pela manhã fui visitar uma igreja que eu admiro muito pela organização, seriedade e pelo apoio a missões; nos dias atuais é difícil encontrar um lugar com pricípios e valores realmente bíblicos, e eu vejo que essa igreja tem se esforçado pra viver o que prega.
Mas o que eu quero dividir com vcs é um pouco do que tocou no meu coraçao.
A igreja hoje recebeu um Pastor que há 15 anos trabalha com tribos indígenas na Amazônia e está enfrentando um problema sério de saúde; não sei dizer qual é a doença pq minha filha me impediu de ouvir a mensagem completa, ouvi pedaços de uma mensagem rsrsrsrssr, mas ainda sim gostei muuuuito.
O Pastor falou em cima de um texto maravilhoso, sempre que eu leio ou prego sobre ele Deus toca muito na minha vida. É o famoso Habacuque 3:17-18 "Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação."
Ou seja, ainda que dê tudo errado, eu me alegro em Deus.
Todos nós enfrentamos problemas; tem fases nas nossas vidas que parece que tudo está indo de mau a pior, que o mundo está conspirando contra nós ou que Deus esqueceu da gente. São momentos tão difíceis que nos sentimos sozinhos, desamparados, às vezes desesperados.
Hoje na igreja conheci uma mulher que também estava enfrentando o desafio do câncer de mama. Ela me contou que no começo derramou muitas lágrimas e se perguntou diversas  vezes o por quê dela ter sido "escolhida" no meio de tantas pessoas pra passar por isso. Uma reação normal pra quem se depara com uma doença tão séria e ainda não conhece a Deus com intimidade.
Diante de um problema somos levados a olhar pro lado e pensar: Pq só eu estou passando por isso??? Pq só eu não consigo??? O que eu fiz pra merecer isso??? Será que tem alguma coisa de errado comigo??? Eu sou uma pessoa boa, faço tudo certo, não dejeso mal a ninguém, pq estou assim???
Hei, o mundo não está conspirando contra vc, Deus não esqueceu de vc. Assim como 100% da população mundial, vc é humano, portanto, sujeito a passar por problemas, seja na saúde, nas finanças, no relacionamento. A boa notícia é que tudo passa, e os seus problemas vão passar tb.
Vcs acompanharam que há poucos meses fui diagnosticada com câncer de mama; no começo foi uma surpresa, não tinha como não ser, ninguém espera passar por um câncer... mas eu olhei pra Deus, pensei comigo que, independente de qualquer coisa - tratamento, cirurgia, morte - eu escolhia confiar em Deus, continuar me alegrando no Deus da minha salvação... Hoje eu vejo que escolhi certo, as coisas pra mim têm fluído; estou conseguindo fazer do meu deserto um manancial, pq Deus está comigo.
A sua atitude diante dos problemas pode ajudar ou dificultar a superação. As pessoas são levadas a acreditar que só elas passam por momentos difíceis pq na verdade ninguém conhece a vida e a intimidade de ninguém por completo. Quantos casais posam de felizes quando na verdade estão com os seus casamentos destruídos??? Quantos pais escondem os problemas que enfrentam com os filhos??? Quantas pessoas deixam de escrever nos blogs pq estão cheios de problemas como imigrantes e não querem dividir com ninguém???
Posso garantir que vc não está só; primeiro pq Deus está com vc, e segundo pq tem muita gente passando por situações semelhantes ou piores que a sua.
O Pastor, mesmo com a saúde debilitada, bem magro, pregou com tanto poder, com convicção de quem sabe aonde colocar a confiança. Ele não está esperando a resposta dos médicos, dos tratamentos ou dos remédios, acima de tudo, a confiança dele está no Senhor... e isto é maravilhoso!!!
Aproveite o deserto, que por ventura vc esteja passando, pra reavaliar a sua vida. Não desista e nem se entregue as adversidades, a vitória só vem depois das lutas; ninguém ganha a guerra sem guerrear.
Não desista do seu casamento, da sua família, dos seus sonhos... desistir é o caminho mais fácil, não é o melhor caminho.

sábado, 2 de abril de 2011

Vou levar por toda a vida...

Eu estava lendo o último post do blog http://semeandoemterrascanadenses.blogspot.com/ falando sobre a importância de termos as nossas próprias experiências como imigrantes pq Deus trabalha na vida de cada pessoa de uma forma diferente; então, eu me lembrei do quanto Deus trabalhou na minha vida, no quanto eu mudei depois da imigração... Não dá pra falar de tudo que eu vivi pq daria um livro rsrsrsrsrsr, mas tem uma coisa que eu vou levar por toda a minha vida, e eu queria compartilhar com vcs: a humildade pra aprender a lidar com pessoas e situações.
Eu sou filha de uma família classe média; sempre tive pessoas pra fazerem o trabalho doméstico; estudei em boas escolas, enfim, nunca soube o que era pegar no pesado... até ir para os EUA rsrsrsrsrs... A minha aventura nas terras do "Tio Sam" foi uma parte da história da minha vida que eu tracei sem o apoio de quase ninguém; a minha família era totalmente contra. Pra pagar o curso que eu queria fazer eu tinha que ralar e ralar muuuuuito, caso contrário, eu teria que voltar pro Brasil e dár o braço a torcer de que eu não dava conta de viver as minhas custas, e isto nem pensar, né??? rsrsrsrsrrs...
Fui pra Florida sabendo que não seria nada fácil alcançar os meus objetivos, mas eu estava disposta a pagar o preço. Eu lembro que minhas amigas, meus parentes diziam que me davam 3 meses de EUA pra eu voltar, que duvidavam que eu aguentasse encarar o subemprego... tudo verdade, mas eles não contavam com a minha determinação rsrsrsrsrsr...
Eu comecei a minha carreira profissional nos EUA limpando casa, e foi aí que Deus trabalhou muito no meu caráter como ser humano. De uma hora pra outra eu estava em um papel invertido; não era mais a filha ou a neta da dona da casa, eu era a empregada. Muitas famílias não queriam saber da minha vida, se eu era formada, se falava outras línguas, se eu tinha problemas; a maioria queria saber se o chão estava bem esfregado, se o banheiro estava limpo e se eu era "limpinha" e de confiança. Tinha gente que passava que nem olhava pra minha cara, era como se eu fosse um objeto de decoração ou algo inferior aos cachorros e gatos que eles tratavam como filhos.
Eu lembro de uma vez que eu estava de quatro, literalmente, limpando os azulejos de um banheiro, e caí na gargalhada, eu só pensava: o que é que eu estou fazendo aqui??? Pq eu não vou embora??? eu não preciso passar por nada disso!!! Mas, na mesma hora, eu lembrava que tinha objetivos, sonhos a serem realizados, eu não podia jogar tudo pra cima e ir embora.
Estas situações me ensinaram a me colocar no lugar de outras pessoas; passei a me ver nos outros... parece uma coisa fácil, porém, não é. Muita gente se acha correto, justo, mas trata empregado como uma subraça, um inferior; acreditam que se derem um bom dia, um obrigado estão sendo ótimos patrões... fala sério, né???
Eu trabalhei pra uma família maravilhosa na Florida; eu lembro que no primeiro dia que eu cheguei na casa a dona me tratou como gente - nem todo mundo sabe o que é isso - foi súper atenciosa, toda hora me perguntava se eu estava precisando de alguma coisa e quando eu acabei me abraçou e agradeceu várias vezes pelo meu trabalho. Ela e a família, em pouco tempo, deixaram de ser patrões e passaram a ser amigos; pra vcs terem ideia, no dia do meu casamento eles choravam como se fossem meus pais. A maneira como eles agiram comigo me fez refletir sobre como é importante darmos o melhor de nós pra quem está ao nosso redor, independente da posição.
Até hoje mantemos contato, eles são alguns dos amigos que estão orando pela minha recuperação.
Os EUA é diferente do Canadá no sentido de que vc convive com brasileiros de todas as classes sociais, de todo tipo de background. Na minha igreja eu conheci pessoas formadas como tb outros sem estudo quase nenhum, conheci pessoas que chegaram com vistos como pessoas que chegaram à pé, literalmente rsrsrsrsrssr... Conheci empresários e socialites falhidos, profissionais liberais, enfim, todo tipo de gente.
Eu costumo dizer que viver como imigrante nos EUA é como cursar uma faculdade, vc sai enriquecido de experiências e aprendizado.
Quando eu olho pra minha vida hoje me sinto feliz de ter amigos, amigos de verdade, uns doutores, outros trabalhadores de mão-de-obra pesada, uns morando na Barra - RJ - outros na favela; mas todos são pessoas preciosas pra mim, especias de verdade.
Depois de muuuitas faxinas eu consegui pagar meu college nos EUA, tirei meu diploma, estagiei, consegui o meu primeiro trabalho, depois o segundo e, enfim, fui contratada por uma multinacional canadense como designer.
A vida dá voltas; hoje podemos estar de um jeito, amanhã de outro; um dia o dinheiro tá sobrando, já em outro tá faltando; quem dirige uma mercedes hoje, amanhã pode estar à pé; a gente nunca sabe... Eu aprendi a me adaptar às situações e valorizar mais as pessoas do que as coisas. Paulo nos ensina na bíblia como a nossa vida pode sofrer mudanças e como suportar os altos e baixos. Fp4:12-13 "Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece."
Quando eu olho pra trás e penso em tudo que eu vivi, eu sou levada a concordar com Paulo: passei por muitas coisas pq Deus me fortaleceu, sem Ele eu acho que teria voltado pro Brasil, e, através de todas as dificuldades que enfrentei, eu só saí ganhando... valeu muuuuito à pena!!!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Imigrante pra todo lado

Acabei de chegar do shopping, fui levar minha filha e o meu sobrinho pro game station, um daqueles parques cheios de jogos que fazem a alegria da garotada e deixam os pais cansados e sem dinheiro rsrsrsrssr... Tenho certeza que muitos de vcs sabem do que estou falando rsrsrsrs...
Mas uma das coisas legais do passeio, além de deixar minha filha bem cansada rsrsrsrsrss, foi a minha conversa com o taxista na volta.
Apesar de ter carteira de motorista aqui, eu não tenho coragem de dirigir; primeiro pq o carro não é meu e eu tenho alguns princípios que eu não abro mão, tipo: não gosto de pegar nem carro e nem dinheiro emprestado, prefiro evitar dór de cabeça. Segundo pq o trânsito é uma loucura e eu morro de medo. Minha experiência no volante é quase que toda em solo americano, não dá pra comparar com Salvador.
Quando eu quero sair aqui dependo de carona ou vou de taxi. O legal do taxi é que, dependendo do motorista, às vezes surgem umas conversas bem interessantes.
Hoje o motorista que me trouxe pra casa tinha um papo divertido... conversa vai e conversa vem, ele comentou que morou 2 anos na Itália - a irmã dele é casada com um italiano e mora lá há muitos anos - e não suportou, chegou a entrar em depressão. Segundo ele, foi muito difícil ficar sem a cervejinha e o pagode dos finais de semana; das idas à Ilha de Itaparica; ele sentiu muita falta do jeitinho brasileiro de viver; sem falar que durante os 2 anos que ele passou lá, ele ficou sem mulher nenhuma, não por falta de oferta - segundo ele - mas ele não se sentia atraído pelas italianas por serem muito brancas, muito magras e fumarem demais rsrsrsrsrsrsrs... achei comédia!!!
Na postagem anterior eu falei de coisas que podem fazer imigrantes voltarem pro Brasil. O caso desse taxista é clássico: a pessoa simplesmente não se adapta ao novo país, não se encaixa, não se socializa; é como um estranho no ninho; passa a se ver como uma ílha, isolada, cercada de estranhos por todos os lados. Nessa hora não tem dinheiro, emprego, qualidade de vida, nada a segura, e a volta pro Brasil é certa.
Mas eu tb disse que uma vez imigrante, sempre imigrante. Depois do taxista criticar a Itália, as italianas rsrsrrsrsrsr e a vida lá fora, ele me disse que estava namorando e que em breve estaria indo pra França com a namorada... eu tive que perguntar: Vc acha que a França vai ser melhor do que a Itália???
E ele me disse que dessa vez seria diferente, que ele estava indo acompanhado, a namorada dele vai pra estudar e ele trabalhar, enfim... cheio de planos. Eu não quis desanimá-lo, mas aqui pra nós, tudo que ele reclamou da vida na Itália ele vai sentir na França - com excessão da falta de mulher rsrsrsrsrs - com o agravante de que os franceses são mais fechados que os italianos.
O ponto interessante na vontade dele de voltar a morar fora é que, talvez mesmo sem perceber, ele voltou pra tudo que valorizava, pra tudo que era importante pra fazê-lo feliz, porém, por ter morado fora, ele mudou, a visão dele de mundo mudou. Ele não consegue mais viver no Brasil sem comparar com a vida na Europa, por uma razão óbvia: por mais que neguem, todo mundo gosta, mesmo que no íntimo, das qualidades do primeiro mundo... é fato!!!
O Brasil é um país grande, com diversidade cultural, social, climática; nós, brasileiros, temos tendência pra imigração e quando experimentamos a vida de imigrante fica difícil deixar de ser um.
Eu costumo olhar na parte de estatísticas do blog os países que estão visitando as minhas postagens e, às vezes, me surpreendo com a quantidade de visitas que recebo de países bem distantes. É verdade que a maioria das visitas são do Brasil, dos EUA e do Canadá, mas tb recebo de várias partes da Europa, algumas da África e da Ásia; o que me leva a uma conclusão óbvia: tem imigrante brasileiro pra todo lado rsrsrsrssrsr... e talvez muitos deles estejam querendo alçar novos vôos pro Canadá rsrsrsrsrrs...

quinta-feira, 31 de março de 2011

Quando imigrar não dá certo...

Hoje eu li a postagem da Andressa do blog Nossa Nova História (http://nossanovahistoria.blogspot.com/) na qual ela pergunta sobre pessoas que foram pro Canadá e voltaram pro Brasil. Achei o tema interessante e resolvi escrever um pouco baseado no que eu já vi acontecer nos EUA.
Já pensou vc planejar durante muito tempo a sua ida, no caso pro Canadá, e, ao chegar lá vc olhar e perceber que não era nada do que vc esperava??? É uma situação difícil e possível de acontecer com muita gente. Talvez este post sirva de reflexão pra muitas pessoas que estão em vias de imigrar ou que acabaram de chegar em um outro país.
Vou tentar discutir aqui alguns pontos que, geralmente, acontecem quando decidimos abraçar o desafio da imigração.
A frustração com o mercado de trabalho, o medo da violência, a corrupção, o descaso com o sistema público de saúde, enfim, todas essas coisas que, infelizmente fazem parte da vida do brasileiro, levam algumas pessoas a abrirem os ouvidos pra histórias de quem imigrou e deu certo. A gente fica tão cansado com o desrespeito que começa a olhar pra outras direções, ou melhor, pra outros países; e é aí que a ideia começa a aflorar na cabeça e a gente passa a perceber mais naqueles que estão morando fora, nos que estão decididos a ir e etc. E nessas horas ninguém fala muito das dificuldades, só fala do lado bom; e o povo se anima rsrsrsrsrs... Nossa, como é fácil!!! Ah! eu tb quero ir... Com 1 ano eu vou fazer isso e aquilo... Vai dar tudo certo... Com 2 anos eu vou estar ganhando $10.000, $15.000... Só falta dizer que é o paraíso na terra. 90% nem cita os problemas que enfrentaram ou estão enfrentando, e mesmo quando alguém fala do lado difícil, a gente tá tão cansado do Brasil que nem presta atenção rsrsrsrsrs...
Ok, vamos aos pontos que devemos estar preparados:
1- Saudade
É cruel mesmo!!! Principalmente pra quem tem que esperar os documentos serem aprovados sem sair do país... Ficar sem ver os parentes e amigos é difícil pra todo mundo, mas alguns, como eu, suportam mais do que outros, que sofrem pra valer. Não adianta julgar, cada um é cada um...
Uma coisa que eu não aconselho: Não vá sem o seu cônjuge ou deixando filhos pra trás; o sofrimento é triplicado.
Quem é solteiro e jovem sente menos; os mais maduros sofrem mais.
2- Mercado de trabalho
Algumas pessoas mesmo com um padrão confortável em suas carreiras no Brasil, podem, por "n" fatores não conseguir a mesma posição social no novo país, e aí??? Aí vem o espírito aventureiro, o tipo de educação, a flexibilidade emocional pra se adaptar a novas situações e desafios, enfim... É nessas horas que muita gente "bambeia". Nem todo mundo está preparado pra encarar mudanças bruscas; às vezes até acha que está, mas quando dá de cara com a realidade...
Eu conheci um cara que chegou nos EUA dizendo que Deus tinha mandado ele prá lá, era a empolgação em pessoa; todo animado, cheio de ideias, enfim... Quando levaram ele pra lavar piscinas, meus amigos, a alegria foi dando lugar a dúvida, veio a incerteza, e em pouco tempo, coisa de menos de 2 meses, ele pegou a mulher e voltou pro Brasil.
Tem tb os que vendem tudo pra imigrar, levantam uma boa grana, e chegam no outro país vivendo com o padrão do Brasil, ou seja, não atentam pra realidade que estão começando tudo de novo, ficam na ilusão do dinheiro que trouxeram, e quando o dinheiro começa a acabar, ou aprendem da forma mais difícil ou voltam antes de acabar com tudo... já vi isso tb.
Algumas pessoas mais preparadas imigram com fluência do idioma, têm a vantagem de exercer uma profissão que não exija certificação - não sei se é a palavra mais apropriada - como os da área de saúde, direito e etc. mas, ainda sim, podem encontrar um pouco de dificuldade pra entrar no mercado de trabalho, e aí??? Caminhos que eu sugiro:
Fazer um curso - Pq??? Vc conhecerá pessoas que podem te indicar; os colleges têm feiras chamadas carrer affarirs, que facilitam a entrada dos estudantes no mercado de trabalho.
Trabalho voluntário - Mais uma vez é a questão do networking, vc vai conhecer gente da sua área, através do trabalho voluntário vc encrementará o curriculum e adquirirá a tal "experiência canadense".
Sem o idioma tudo se complica, pq torna mais difícil a adaptação e o trabalho na sua área. E os das áreas mais difíceis têm que ir preparados pra estudar muuuuuito, economizar o máximo nos primeiros anos pra ter o retorno depois.
Muita gente abraça os trabalhos em restaurantes, lanchonetes e lojas como uma forma de melhorar a conversação, mas é aquele negócio, nem todo mundo aguenta o tranco de começar do zero... Mais uma vez, quanto mais novo melhor pra se adaptar.
3- Adaptação
Este tópico engloba muita coisa, porém, eu vou resumi-lo.
Pessoas que frequentam igrejas têm mais facilidade na adptação do que os que não frequentam nenhuma. Isto não é um dado científico rsrsrssrrs... é só uma observação minha. Seja lá qual for sua crença, quando vc a divide com outras pessoas, vc se torna parte de um grupo; e esse grupo serve como apoio em muitas situações, às vezes serve pra indicar oportunidades de trabalho, moradia, pode ser um apoio emocional, diminiu, de uma certa forma, a saudade dos parentes e amigos, enfim...
A minha igreja nos EUA era uma grande família. Costumávamos a nos reunir em datas especias como o natal, apoiávamos muitos recém-chegados, o pastor cansava de acompanhar casais em crise, famílias com dificuldade na adaptação... Fiz amigos que viraram família de verdade, pra vida toda.
4- O clima
Amigos, pra quem planeja ir pro Canadá, este tópico é sério rsrsrsrsrs...
Quando resolvi ir para os EUA escolhi a Flórida pelo clima; quando surgiu a ideia do Canadá, eu quis logo saber qual era o lugar menos frio rsrsrsrssr... uma canadense me disse Vancouver e Victoria, e eu pensei logo: é pra lá que eu vou rsrsrsrsrs...
Muita gente não se importa com o frio intenso, mas pra outras pessoas o clima pode ser um baita desafio no processo de adaptação. Mais de 6 meses na neve não é pra qualquer pessoa, isso eu posso garantir.
Quem precisa de verdade se adapta em qualquer lugar, porém, quem não precisa tanto pode olhar pra trás e decidir voltar pro clima mais ameno do Brasil.
5- Ritmo de vida
Trabalhar no Brasil e trabalhar fora é totalmente diferente. Os EUA e o Canadá não têm, nem de longe, a quantidade de feriados, de dias de férias que o Brasil tem. Sem falar os feriados prolongados dedicados a santos - que no Brasil, praticamente, cada mês tem um pra um santo(a) diferente - nos EUA eu não vi nada parecido com aqui. É por isso que muita gente diz que a vida lá fora é dura rsrsrsrssr...
Duro, pra mim, foi voltar pro Brasil e vê quanto as empresas estão pagando rsrsrsrsrsr...
Pra fechar...
Ir é uma decisão pessoal; voltar é uma decisão mais do que pessoal rsrsrsrs...
Agora tem uma coisa: quem imigra uma vez e tem a experiência de viver, de fato, como imigrante, vai ser sempre imigrante. Pode voltar pro Brasil, mas a visão de vida vai ser de um imigrante. Comigo foi assim, com muitos amigos está sendo assim. A gente fica meio que dividido, somos brasileiros mas, ao mesmo tempo, somos do mundo; viramos um pouco ciganos... um dia vcs vão entender do que estou falando.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Estão lindos!!!!

Hoje pela manhã fui à oncologista; a consulta foi muito tranquila; como eu já esperava, ela me deu o pedido do exame que será realizado em SP pra definir se eu vou ou não precisar de quimioterapia.
Amanhã vou pedir os blocos com o meu material ao laboratório pra enviar à Botucatú junto com os pedidos médicos e o comprovante de pagamento no valor de R$3.500, se não aumentou... vou ligar amanhã pra confirmar.
À tarde fui inflar os meus seios mais uma vez; o médico tornou a colocar 60ml de soro e deu uma boa diferença. Hoje eu posso dizer que os meus seios estão melhores do que antes, isso mesmo, eles estão ficando lindos!!! Estou encantada com o resultado... acho que no dia que o médico me mostrar as fotos do antes e do depois eu vou ficar chocada com a mudança rsrsrsrsrsr... Tenho certeza que meu marido vai amar!!! Vai ser um presente pra compensar todo esse tempo de espera rsrsrsrsrsrs...
Eu fiquei tão hipnotizada com os meus seios que esqueci de perguntar um monte de coisa ao médico, pelo menos perguntei quando ele poderia tirar as válvulas que estão dentro de mim que possiblitam a entrada e saída de soro. Pra minha surpresa, ele disse que só daqui há alguns meses; o que reafirma a necessidade da minha vinda ao Brasil pra exames. Por meu marido eu ia e não voltava nem tão cedo mas, pelo visto, não vai ter jeito, terei mesmo que vir aqui pro checkup.