"Agrada-te do Senhor, e Ele satisfará os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais Ele fará." Sl37: 4-5















domingo, 1 de outubro de 2017

As lágrimas da semana

Oi gente, tenho estado super ocupada com o trabalho e quando consigo um tempo livre prefiro me desligar do mundo. Mas nesse final de semana eu consegui recarregar as minhas energias e estou aqui pra dividir um pouco da minha vida com vcs.
As últimas semanas têm sido muito difíceis pra mim! Na primeira semana de setembro minha filha voltou para a escola e eu fui na sala dela para uma apresentação dos professores sobre como seria o ano letivo. Eu sentei na cadeira dela e resolvi abrir os cadernos e encontrei tudo em branco e alguns desenhos. Ela ama desenhar!!! puxou isso de mim! acho até que tem mais talento do que eu.
Mas as páginas em branco me mostraram o quanto ela está atrasada! Na quarta série no Brasil eu já escrevia longas redações, fazia cálculos, tinha aula de ciências, história, geografia e etc.
Depois da apresentação fui até a tutora da escola para saber o que seria feito com a minha filha durante o ano, já que ela está entrando no grade 4 com nível sabe lá de quê! Em 3 anos ela teoricamente vai ir para o segundo grau, mas eu não vejo como.
Aqui no Canadá a criança com dificuldade não reprova. A escola cria um programa especial e a criança continua passando de ano com o resto da turma mesmo não tendo condições. Eu entendo o lado positivo para o emocional, mas no lado prático eu, sinceramente, duvido que funcione.
Minha filha tem dislexia e deficite de atenção. Ela tem tutora na escola e fora da escola, ela tem fonodióloga e psicóloga. E não pensem que isso é dado pelo governo, pq não é. Tudo custa dinheiro e é caro! Ela tem tido progressos, mas, ao meu ver, muito lentamente. 
Para ajudar eu comecei a estuda com ela em casa, mas é complicado pq o que eu sei de ensino foi o que aprendi no Brasil e aqui as coisas são diferentes. Mas eu realmente não vejo outra opção. Eu e meu marido ficamos arrasados quando ela chorando nos disse que achava que não conseguiria aprender.
Me senti tão impotente vendo o pânico dela! o que podemos fazer estamos fazendo e ainda é pouco. Existem escolas especiais para crianças com dislexia e dificuldade de aprendizado, mas um ano custa $30 mil dólares e isso multiplicado por 6 anos de estudo é um dinheiro que eu não tenho. Fiquei de visitar uma dessas escolas em novembro para ver as opções de pagamento, mas é só um milagre de Deus! 
Eu cheguei ao ponto de cogitar passar um tempo no Brasil de tão preocupada que fiquei. 
Mas eu não posso ir para o Brasil, EUA ou qualquer outro lugar sem antes Deus me direcionar. Estou orando por um direcionamento. Eu sei que esse problema comparado a muitos outros que eu já enfrentei é pequeno, mas eu quero ter a certeza que fiz tudo o que podia fazer.
Eu tenho uma mãe que mesmo com muitas dificuldades se sacrificou para que eu e minhas irmãs tivéssemos uma educação de qualidade. Não tive luxo, mas estudou nas melhores escolas e só não fiz mais da minha vida acadêmica quando jovem pq fui imatura, mas eu tive oportunidade de ser o que eu quisesse ser, pq as ferramentas para isso eu tive. Então, eu quero que minha filha tenha o mesmo.
Eu acho que toda essa história me deixou mais sensível do que eu já sou e eu tive dois momentos no espaço de uma semana que me tocaram profundamente:
1- Fui visitar semana passada a bebê de um casal de amigos que nasceu bem pequenininha. Graças a Deus ela está bem e já teve alta, mas quando eu fui vê-la semana passada ela estava no NICU (Neonatal Intensive Unit) e entrar no NICU me trouxe grandes emoções. Na hora que eu pisei no NICU me veio um filme na cabeça de tudo que eu passei na minha primeira gestação. Já se passaram 10 anos, mas basta uma coisinha pra eu relembrar de cada segundo e cada lágrima derramada. Mas a vida segue e glória a Deus que as lágrimas e a dor não me impediram de seguir em frente.
2- Ontem foi dia de Food Bank e foi um dia muito especial. Um grupo de voluntários de outra igreja veio me ajudar e a experiência foi maravilhosa! Mas enquanto eu ajuda uma pessoa a fazer o cadastro, um dos voluntários me chamou para falar com uma mulher que estava chorando. Eu sentei perto e ela estava com um filhinha no colo e chorava copiosamente. Eu perguntei se eu podia ajudar em alguma coisa e ela me disse que estava bem, mas estava chorando pq não estava acostumada a ir ao Food Bank. Na hora as lágrimas vieram aos meus olhos pq eu senti a dor dela. A vida da gente tem altos e baixos e, sem dúvida, ela estava vivendo um momento difícil.
A gente nunca pensa que vai precisar receber uma cesta básica, mas sabe lá Deus os caminhos que a nossa vida pode tomar. Aquela mulher estava com a filha nos braços. Talvez ela seja mãe solteira e tenha ficado desempregada, talvez ela não tenha família, talvez as dívidas a desestabilizaram, enfim, são muitos os motivos que podem levar uma pessoa a precisar de ajuda, mas a boa notícia é que existe um lugar de apoio e aqui no Canada se chama Food Bank.
O Food Bank não é um lugar de julgamento. O Food Bank é um lugar de receptividade, solidariedade, socorro e amor. Eu sou grata pela oportunidade de fazer parte de um trabalho lindo como esse!
Uma semana abençoada para todos nós! 
Seguem algumas fotos dos voluntários de ontem :)











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