Hoje o diretor da escola de minha filha me chamou pra conversar. Ele queria marcar uma reunião comigo pra discutir o que a escola e a família podem fazer pra ajudar o desenvolvimento dela no próximo ano. Ela tem mostrado algumas dificuldades e a escola quer que ela faça um teste com especialistas pra que possa ser identificado o tipo de problema que ela possa ter. O filho de uma amiga fez esse teste, custa na faixa dos $1500.
O diretor tb comentou que eu e meu esposo deveríamos pensar se é a melhor escolha mantê-la numa escola que além do inglês tem o hebraico no curriculum.
Bom, eu, meu marido, a psicóloga e o diretor ficamos de nos reunir no dia 30 de junho pra conversar.
Vcs podem imaginar como que eu não saí dessa reunião hoje, né??? mega, hiper preocupada.
Cheguei em casa liguei pro marido, liguei pra duas amigas que são fonodiólogas mas elas não atenderam, e só não liguei pra minha mãe pq ela está nos EUA e eu não ia conseguir falar com ela agora. Depois eu entrei na internet e fui pesquisar sobre escolas e programas do governo pra crianças que têm dificuldades e descobri uma escola particular chamada Choice School que fica aqui em Richmond. Claro que eu liguei e já fui ver a escola. Sou rápida nessas coisas. Acho que a gente tem que se informar sobre tudo e corrar atrás de todas as possibilidades quando se trata da educação de um filho. Esse negócio de deixar rolar não é comigo.
Fui até a escola e conversei com algumas professoras e fiquei impressionada como que elas descreveram a minha filha sem nem vê-la. Elas me perguntaram a idade e o perfil, eu disse que era seis anos, que ela era muito ligada a desenhos e trabalhos manuais, mas que estava tendo dificuldade com a alfabetização. Elas, então, me perguntaram se a minha filha falava inglês em casa e eu respondi que não, só português. Elas me disseram que crianças bilingues podem ter dificuldade no começo pq elas estão fazendo o trabalho dobrado e que seis anos ainda era muito cedo pra dizer se ela tem problema ou não. Me perguntaram se ela tinha sensibilidade com roupas e com etiquetas e eu disse que sim. Minha filha pede pra eu cortar todas as etiquetas das roupas dela pq ela se sente incomodada. Então, elas me explicaram que minha filha era muito sensível, que o cérebro dela processava as coisas de uma forma diferente, mas que isso, provavelmente, não tinha nada haver com ser ou não inteligente, e sim em como ela aprende as coisas. As professoras sugeririam que, ao invés de ensiná-la de uma forma tradicional, que o trabalho com ela deveria ser acompanhado de massinhas de modelar, areia e outras coisas que ela pudesse sentir. Tipo: fazer letras com as massinhas, desenhar na areia e coisas assim.
Depois dessa conversa eu fui levado a um tour na escola. As crianças lá são incentivadas na área das artes. Elas têm aulas de instrumentos musicais, pintura, idiomas e etc. Cada uma tem um laptop. Depois sentei na biblioteca com uma mãe voluntária pra conversar sobre tuition e descontos. A escola é cara, a tuition fica na faixa dos $13.000 e o desconto só vai até 50%. Não há nenhum tipo de ajuda do governo e a maioria dos pais que matriculam os filhos lá são pessoas de classe média que querem o melhor pra seus filhos. Não é uma escola de crianças ricas.
A mãe que estava conversando comigo me disse que o filho dela era muito tímido e estava sofrendo bullying na escola pública, então, ela e o esposo ficaram sabendo da Choice School e foram conhecer. Apesar da falta de dinheiro, matricularam o filho lá e hoje eles têm certeza de que fizeram a escolha correta, pq o filho deles ama a escola e tem aprendido muito.
Eu perguntei como eles, mesmo sem condições, colocaram o filho numa escola tão cara e ela me respondei: Nós somos asiáticos, a educação pra nós é prioridade.
Bom, pra mim tb é, mas eu não tenho $13.000 e nem $6500(a metade) ainda pra pagar uma escola como essa. Mas foi muito bom ver que eu tenho uma opção caso minha filha não consiga se desenrolar onde ela está.
O que eu sei hoje com toda certeza é que cada criança é de um jeito e minha filha não pode ir pra escola pública agora. Ela precisa de um escola pequena, que dê o suporte necessário pra que ela não fique com a auto estima baixa, pq isso sim é um perigo.
Conheci muitas pessoas no decorrer da minha vida que preferiram não enxergar os problemas dos filhos como se isso fosse algo que os envergonhasse e o resultado foi o sofrimento das crianças. Eu não quero que minha filha sofra pq enxerga as coisas de uma forma diferente. Eu quero que ela se desenvolva com os talentos e potencial que Deus deu a ela.
Se ela estivesse no Brasil talvez fosse mais difícil, pq o sistema de educação lá é do tipo que a criança precisa saber de tudo pra chegar a algum lugar, mas aqui é diferente. O sistema aqui investe nas áreas que o estudante mais gosta, o que é ótimo.
Pra encerrar, eu gostaria de dizer que eu resolvi escrever sobre isso pra que pais que tenham filhos diferentes, gifted children como eles chamam aqui, busquem o melhor pra seus filhos e não se sintam mal. Eles são perfeitos do jeito que são pq Deus os fez assim, com talentos, dons e características específicas. O nosso papel, como pais, é ajudá-los a desenvolver todo seu potencial.
Olá, é a primeira vez que leio o seu blog. Também tenho um filho de 6 anos, em fase de alfabetização. Como estamos no Quebec a alfabetização é em francês, ele também fala inglês básico e em casa falamos português.
ResponderExcluirPara ele não foi um desafio porque já estamos aqui há mais de 5 anos, mas ele teve muita dificuldade na day care, mais por conta do comportamento do que do aprendizado.
O lanca das etiquetas, e do sonho dos piolhos me lembra muito o meu filho e eu sugiro um livro para você comprar e ler. Não é uma questão de mudar sua filha, mas de mudar a forma com a qual você a vê.E 6 anos é muito cedo para "fichar" a criança. Se sua filha se encaixa na descrição do primeiro link compre o livro (segundo link), vale a pena. Que Deus abençoe vocês.
http://www.network54.com/Realm/Spirited_Kids/Budd.htm
http://www.amazon.com/Living-Active-Alert-Child-Groundbreaking/dp/1884734774