Os desafios do imigrante

Oi gente, depois de um final de semana bem corrido eu, enfim, pude me sentar na frente do computador pra escrever pra vcs.

Diferente do nível anterior do curso de inglês, em que eu me saí muito bem, agora estou tendo dificuldades. A professora é muito exigente e o curso é muito corrido. A maioria dos alunos têm comentado que está sendo bem puxado, inclusive tem gente que está pensando em nem continuar. Eu estou fazendo o melhor, mas já disse pra professora que não vai ser em 6 semanas de aula que eu vou conseguir chegar no nível que ela espera; posso até melhorar em uma coisa ou outra, mas não vai dar pra mudar muito, afinal, inglês a gente só aperfeiçoa com o tempo; é lendo mais, conversando mais e escrevendo mais.

Mas o que eu queria comentar com vcs hoje é que ontem eu percebi que minha colega romena estava bem pra baixo, não só pelas dificuldades do curso, como tb pelas incertezas que a imigração trouxe pra vida dela e nós conversamos bastante.

Ao contrário de muitos de nós, ela não planejou a vinda pro Canadá, foi mais uma decisão do marido dela, então, ela chegou com um pé atrás. Deixou uma carreira de professora já estabilizada pra recomeçar a vida aqui em Vancouver. Ela é muito inteligente, fala francês e espanhol fluentemente e o inglês é bom, mas ela não está conseguindo se adaptar. Não sabe que curso fazer, em que área investir e sente muita saudade da família e da profissão que ela tinha na Romênia. Enquanto eu tenho milhões de planos e estou otimista em relação ao futuro, ela não consegue ter nenhuma perspectiva, pq tudo pra ela é difícil. Ela não está conseguindo dormir, passa horas e horas pensando nas coisas que não estão dando certo, já perdeu peso e vive abatida. Eu aconselhei que ela conversasse com algum family doctor pq ela pode estar com uma ansiedade acima do normal e pode desenvolver uma depressão.

Ontem tb, 2 chineses da minha turma estavam reclamando da vida aqui. Não que eles estivessem arrependidos de terem vindo, mas eles estavam se queixando da dificuldade que eles têm encontrado pra trabalhar no mesmo nível que eles tinham na China. Segundo o que eles me passaram é que achar um trabalho não é difícil, mas alcançar o nível de um mestrado e doutorado, que eles já têm, é muuuuuuuuito complicado!!! Sem falar do alto custo de vida daqui que, praticamente, impossibilita que um imigrante consiga ter uma estabilidade financeira a curto prazo. Eles calculam que pode levar mais de 5 anos pra estarem completamente adaptados a vida aqui.

Eu resolvi dividir com vcs essas 2 situações não pra desanimar ninguém, mas pra alertá-los que a imigração é um grande desafio. Muita gente se dá bem, mas muitos outros sofrem muito nos primeiros anos. Sabe aquela história que diz que não é o forte que sobrevive e sim aquele que consegue se adaptar as mudanças??? Pois é, o imigrante que se dá bem é exatamente aquele que é adaptável.

Pra vcs terem uma ideia, eu tinha uma ótima casa nos EUA, morava numa casa enorme no Brasil e hoje, quando eu me vejo no minúsculo ap que eu me encontro, não dá nem pra acreditar!!! rsrsrsrsrr... Tem sido um desafio pra minha humildade e eu confesso que as vezes eu fico chateada, mas não é nada que esteja tirando o meu sono ou me deprimindo, eu consigo olhar pra frente e ver que tudo vai se ajeitar, é só uma questão de tempo, paciência e trabalho.

O imigrante não pode viver aqui com o coração no passado, no que tinha, no que fazia e etc. A gente tem que viver o hoje intensamente pra construir um amanhã melhor.

Eu sei que o caso da romena e dos 2 chineses é o caso de muitos brasileiros, então, eu tenho uma dica: confie em Deus, ore e peça pra que Ele te mostre o que fazer, que fortaleça o seu coração e te dê perseverança. Lembre- se que aos amados o Senhor dá enquanto dormem (Salmo 127:2). Não perca o seu sono, pq o Senhor está cuidando de vc.