Oi gente, as coisas aqui em casa estão melhorando. Eu e minha filha ainda estamos tossindo, mas estamos bem. Ela, inclusive, já voltou pra escola. Infelizmente o meu marido continua gripado. Ontem eu nem deixei ele trabalhar, pq a febre estava acima de 38.
Ele demora pra ficar doente, mas quando fica.... é um drama só!!! Se eu pudesse trazia a mãe dele pra cá, pq ele fica na maior carência rsrsrsrsr...
Mas o que eu quero compartilhar com vcs hoje é outra coisa. Ontem, uma prima minha postou no facebook que teve o seu celular roubado. Graças a Deus não aconteceu nada com ela, está tudo bem, mas eu não pude deixar de refletir sobre o assunto.
Pela escolha que eu fiz de deixar o Brasil e recomeçar a minha vida em um país mais justo, eu tenho criado a minha filha num outro mundo. Ela não sabe o que é ter medo de ladrão, de assalto, da tensão de parar no sinal fechado ou de entrar na garagem do prédio a noite. Minha filha não sabe o que é parar o carro na rua e ficar olhando pros lados com medo de ser surpreendida por marginais. Ela não sabe o que é favela, tiroteio, crianças dormindo na rua e fila do SUS.
Minha filha está tendo o privilégio de crescer livre. Ela brinca em parques abertos, anda de bicicleta pela vizinhança, mora num lugar onde as pessoas são respeitadas e sabem respeitar os outros, onde pobres e ricos tem direito a mesma assistência médica e onde a miséria não existe.
É claro que não é perfeito, pq lugar nenhum da terra é, mas é um sonho.
Mudar de país não foi um passo fácil, pelo menos não pra mim. Deixar as pessoas que eu amo e a minha vida pra trás pra começar tudo de novo em outro idioma foi desafiador. Mas eu sabia o que eu não queria mais. Eu já tinha sido assaltada e não aguentava mais conviver com o medo das ruas e a certeza de que as coisas só iriam piorar, como realmente aconteceu.
Vir para o Canadá não foi a solução de todos os meus problemas, muito pelo contrário, mas me trouxe a paz que eu estava procurando pra minha vida.
Eu ainda não consegui o meu primeiro emprego, eu sinto falta de minha família, dos meus amigos, não gosto de não poder estar nos aniversários, casamentos, nascimentos, enfim... eu estou aqui consciente que grande parte da minha vida ainda está no Brasil. Mas quando eu sento num parque aberto, cercado de casas sem muro e fico conversando com minhas amigas enquanto nossos filhos brincam livremente eu tenho certeza de que eu fiz a escolha certa.
Valeu a pena todo o tempo de espera e todo sacrifício pra viver esse sonho.
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