O mal que vem em palavras

Parece que a labirintite não quer me deixar. Estou há quatro dias com tontura mesmo tomando o Vertix. E o pior é que o remédio me dá o maior sono!!! Eu já sou uma pessoa sonolenta e com o Vertix eu estou mais dormindo do que acordada.

Mas o que eu quero falar hoje não é sobre a labirintite, eu quero dividir com vcs o que minha filha me disse.

Ao me ver dormindo muito ela veio até mim e perguntou, quase chorando: Mamãe, vc vai morrer?

Eu respondi num tom de brincadeira pra ela descontrair: morrer, eu??? tá doida!!! mamãe só tá com a cabeça doendo um pouco. Eu não vou morrer. Vc as vezes não tem dor de barriga??? então, é a mesma coisa. Já, já eu vou ficar melhor.

Gente, eu fiquei com o coração partido!!! ela só tem seis anos, não era pra se preocupar com a morte. Mas eu sei que isso não veio do nada, tem um fundamento.

Quando eu estava em tratamento no Brasil ela acompanhou tudo de perto, pq, por mais que todos tentassem evitar, ela vivia comigo e sabia que havia alguma coisa errada. 

Pra tirá-la um pouco de casa eu a matriculei numa escolinha todos os dias de tarde. Eu não sei como e nem quando, alguém comentou que eu ia morrer. Eu não sei se falaram diretamente pra ela ou se ela ouviu alguém conversando sobre o assunto. Na época ela tinha três anos e não me disse nada, mas quando chegamos no Canadá ela se abriu. Estávamos deitadas na cama, ela abraçada comigo e ela me perguntou se eu ia morrer, pq alguém na escola tinha dito que eu ia morrer.

Eu não sei o que aconteceu realmente, se foi algo inocente, mas `as vezes nós, humanos, falamos coisas sem pensar que causam dor, que machucam e que têm consequências.

Uma palavra dita não volta. A gente não sabe o quão fundo uma palavra mal colocada pode chegar no coração de alguém.

Eu já comentei aqui no blog que eu não era uma estudante brilhante. Pois eu não era mesmo. Era até medíocre. Mas eu tinha os meus talentos, pq todo mundo tem, nem que seja um.

Eu amava desenhar e escrever histórias. Cheguei a pensar que eu poderia escrever peças, roteiros e livros. Porém, no meu caminho, veio uma palavra. Na verdade não foi nem uma palavra, foi um gesto.

Eu tinha uma professora de português que conhecia escritores, que tinha tido alunos que se destacaram na literatura e eu, na minha ingenuidade típica de adolescente, fui dividir com ela o meu desejo de me tornar uma escritora. Gente, ela me olhou com uma cara de desprezo!!! ela não falou nada, mas o seu silêncio foi cruel, foi um balde de água fria nos meus planos. Até hoje eu lembro como ela me olhou. Foi de uma forma como se dissesse " Vc não dá pra isso. Esquece!!!".

O tempo passou, eu não me tornei uma escritora, mas aprendi que ninguém deve acreditar em mim mais do que eu mesma. Se eu achar que vou conseguir, com a graça de Deus eu vou conseguir e as minhas escolhas são minhas e de mais ninguém.

Essa postagem vai pra você, que ouviu uma palavra de derrota, de desânimo... Acredite em você, acredite em Deus e lute. Suas vitórias serão suas, assim como as derrotas tb. Mas lembre-se, ainda que vc não alcance o seu objetivo ou que as coisas não saiam do jeito que vc esperava, os caminhos que vc trilhar vão contar a sua história.

Boa noite. Que a graça de Deus inunde as nossas vidas.