Acabei de fazer uma peregrinação por alguns blogs de pessoas querendo emigrar e outros já decididos a emigrar, e encontrei alguns questionamentos que, eu acho, que posso ajudar a responder, afinal, estou emigrando pela segunda vez rsrsrsrsrsrs...
Mesmo sem ter chegado no Canadá ainda - que é o país em questão - tem coisas que acontecem com qualquer um que se dispõe a mudar de país; dúvidas, medo, ansiedade, sentimentos comuns a quem está prestes a dar um giro de 360 graus em sua vida.
1- Nunca espere apoio de todos os seus familiares e amigos
Quando eu, recém formada, com somente 23 anos, decidi ir para os EUA, eu não escondi de ninguém; foi uma decisão "pública", então, eu me expus a muitos comentários, como por exemplo: Você vai ter coragem de deixar sua família??? Tenho certeza que você não vai aguentar nem 3 meses!!! Você acha que vai dar certo??? Eu conheço uma pessoa que foi e detestou... Nossa Renata, você é tão fria, você não pensa em sua avó que já é de idade??? ela pode morrer...
A pessoa tem que saber o que quer porque o "bombardeio" psicológico vem de todos os lados...o "mundo" conspira contra rsrsrsrsrs... a torcida pra que a gente desista é grande, mas sabe porque??? É simples: muita gente gostaria de ter a coragem de fazer o que nós estamos fazendo, então, incomoda quando alguém tem atitude de dizer: Eu vou mudar a minha vida.
Quanto a família é aquela coisa meio egoísta tipo "Eu te quero perto de mim", sabe??? Eu passei uma barra com minha mãe quando fui para os EUA, ela não aceitava de jeito nenhum que uma filha dela tivesse optado viver em um outro país. Só pra vocês terem uma ideia, quando eu pedi pra fazer intercâmbio pela primeira vez minha mãe me disse: Nem pensar!!! eu não coloquei filha no mundo pra viver na casa de estranhos...
Gente, ela é dentista, não é uma pessoa sem instrução, mas é do tipo que quer os filhos bem perto, sabe??? Pois bem, ela sofreu muuuuuito, me fez sofrer também, mas depois de 8 anos de EUA, um casamento, uma filha, um diploma americano, experiência profissional e de vida, ela foi obrigada a reconhecer que eu fiz o certo pra minha vida.
2- É preciso ter objetivo
Ninguém pode pensar em emigrar sem estudar sobre o assunto, sem ter consciência das dificuldades que vai ter que enfrentar. É ingenuidade achar que ao trocar de país, você que antes era uma "minhoca" vai simplesmente sair do casulo e virar uma "borboleta"... não é um "conto de fadas", um "mar de rosas". É preciso muito foco e objetivo pra ver os resultados.
Pra entrar no mercado de trabalho americano eu tive que, literalmente, ralar muuuuuito, comecei do zero; tive que pegar todo trabalho que aparecia - leia-se subemprego rsrsrsrsrs... - pra pagar meu college - que era muuuuito caro - não fazia extravagâncias, controlava toda a minha despesa, cada moedinha pra mim era um dinheirão rsrsrsrsrsrs... tudo com o objetivo de tirar um diploma e começar a trabalhar em minha área. Com dois anos de "ralação" em solo americano consegui o meu primeiro estágio - pagava pra trabalhar rsrsrsrsrs - depois o segundo, e, enfim, o meu primeiro emprego na minha área... Aleluia, Aleluia, Aleluia!!!!!
Você colhe o que planta. Eu lembro que pra aprimorar meu inglês - que não era nenhuma "coca-cola" - no meu primeiro ano eu cheguei a estudar em escola particular de dia e escola pública à noite. A falta da fluência no idioma é angustiante!!! quando eu percebi, depois de uns 4 meses, que meu inglês ainda era precário comparado com os nativos, parei tudo pra me dedicar aos estudos...e foi a melhor coisa que eu fiz.
Sem inglês tudo se torna mais difícil.
3- Adaptação
Eu me adaptei facilmente aos EUA, amei o sistema, a organização, o respeito ao cidadão, a falta de burocracia e etc. Mas também conheci pessoas que não se adaptaram, e o motivo é simples: estavam nos EUA, porém, a cabeça estava no Brasil. Se você decidir morar em outro lugar deve preparar a cabeça e o coração. Tudo é diferente, é uma nova vida.
Mas em minha opinião não dá pra não gostar do que é bom, eu quero dizer: qualidade de vida.
O que pesa na adaptação é a saudade da família, dos amigos, e, no meu caso, da igreja. A saudade dói.
O lado bom é que hoje a internet ajuda muito; telefone, tanto nos EUA quanto no Canadá, é bem barato, só não liga quem não quer; o skype ajuda muito porque a gente pode conversar e ver ao mesmo tempo, enfim, está mais fácil matar a saudade.
4- A vida é pra ser vivida
Eu prefiro me arrepender do que eu fiz do que do que eu não fiz.
Enquanto minhas amigas saiam da faculdade pro mercado de trabalho, eu estava tentanto uma nova vida longe do Brasil. Muitas me criticaram por eu ter - nos primeiros anos - guardado meu diploma pra abraçar o subemprego, mas eu estava vendo mais longe, eu estava tendo experiências que faculdade nenhuma me proporcionaria. Conheci pessoas de diversas nacionalidades, convivi com inúmeras culturas; aprendi na prática a humildade; fiz amigos que viraram irmãos, família de verdade; aprendi o sentido real de "depender de Deus"; consegui um diploma de um college americano - o The Art Institute - que vale no Canadá; trabalhei por quase 5 anos numa multinacional canadense, ou seja, adquiri uma boa experiência profissional; casei com um homem maravilhoso - no Brasil isto é quase impossível rsrsrsrsrs tá chovendo mulher, elas não respeitam nem os casados rsrsrsrsrsrs - e tive uma filhinha americana, dei a ela duas cidadanias - quem está no processo de emigração sabe o valor que isso tem - ela sempre terá duas portas abertas... pra mim valeu muuuuito à pena, vivi meus últimos anos intensamente.
Ao voltar ao Brasil encontrei muitos amigos desempregados, muitos se preparando pra concursos por não aguentar mais a instabilidade do mercado; encontrei algumas pessoas felizes, realizadas, mas muitas outras frustradas. Ao olhar pra trás e me perguntar se eu faria as mesmas escolhas, respondo com tranquilidade que sim; eu vivi. Muitas vezes sofri, tive medo, me senti só, mas Deus estava comigo, e Ele promete que o fim é sempre melhor do que o começo...e foi mesmo...
5- Conclusão
Em janeiro estaremos emigrando novamente, e eu já estou com um friozinho na barriga!!! só faltam 4 semanas pra eu sair daqui do interiror de Minas, ir a Salvador me despedir da família e seguir rumo a Vancouver...e começar tuuuuuuudo de novo!!!
Às vezes eu me pego pensando na chegada; vamos chegar lá com as malas nas mãos - meu marido não quer levar nada, ficou traumatizado em fazer mudanças internacionais rsrsrsrsrsrs... - sem casa, sem emprego, sem amigos, sem igreja, sem família... mas com fé em Deus, certos de que se Ele está nos levando, e Ele irá nos garantir por lá.
Como humana que sou, eu, como qualquer pessoa, também fico ansiosa, preocupada, afinal, não sei o que vai acontecer, porém, eu penso que, mesmo com todas as dificuldades, só a experiência de morar em um outro país será muito importante pra mim, pro meu marido e, principalmente, pra nossa filha; será enriquecedor pra educação dela, ela será uma verdadeira cidadã do mundo.
Tá com medo??? tá preocupado??? não sabe se arrisca ou não??? coloque na balança os prós e contras, pense no quanto a experiência será valiosa pra você e tenha como consolo que você sempre pode voltar pro Brasil... mas saiba que a maioria não volta rsrsrsrsrsrsrs...
Para os casados: Vocês verão como morar longe da família e dos amigos une os casais, o núcleo da família. Eu e meu marido nos EUA éramos muito mais amigos e cúmplices do que aqui no Brasil... morar longe faz bem pro casamento rsrsrsrsrsrsrs.... e como faz!!!!